De acordo com o levantamento, as amostras de entrevistas de cada país variaram de mil até três mil entrevistados. A margem de erro é de 3,25% para mais ou para menos.
A maioria (70%) da população dos países pesquisados está satisfeita com a resposta governamental ao coronavírus. No Brasil, contudo, apenas 34% dos entrevistados afirmou estar contente com a gestão da crise de saúde pública.
Do outro lado da tabela, a China tem a população mais satisfeita com a resposta à pandemia, 95% da população afirmou estar satisfeita com a resposta governamental. Vietnã (95%), Grécia (89%), Malásia (89%) e Irlanda (87%) completam a lista de países onde a população está contente com a resposta do governo ao coronavírus.
"A insatisfação da população [do Brasil] tem relação direta com a maneira como o governo federal tem enfrentado a pandemia. Em menos de seis meses, três pessoas já ocuparam a pasta do Ministério da Saúde, com discursos e ações discrepantes entre si. Nesse período, nenhum plano nacional de combate a COVID-19 foi apresentado à sociedade", afirma à Sputnik Brasil a doutora em sociologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Rachel Barros.
O primeiro ministro da Saúde a enfrentar a pandemia foi Luiz Henrique Mandetta, que deixou o cargo em 16 de abril. Deste então, Mandetta não poupou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de críticas. Seu sucessor foi Nelson Teich, que ficou no cargo de 17 de abril até 15 de maio. O atual ministro está no cargo de maneira interina, o general Eduardo Pazuello, embora Bolsonaro tenha afirmado que ele deve ocupar a cadeira "por um longo tempo".
Pazuello nomeou militares e contrariou orientações de distanciamento social para participar de ato pró-governo em Brasília.
"Podemos somar a esse quadro a crise do sistema público de saúde, que em diversos estados do país já dava mostras de precarização. Com a pandemia, essa situação ficou ainda mais explícita porque os investimentos públicos neste setor têm sido insuficientes", diz Barros. "Através de diversas declarações, o presidente demonstrou descaso e baixíssima capacidade de enfrentar a pandemia com a seriedade e importância que ela merece."
O secretário-executivo do Centro de Estudos Estratégicos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Assis Mafort também afirma que as diversas trocas de comando no Ministério da Saúde são um fator que ajuda a explicar o resultado da pesquisa. Mafort destaca a falta de coordenação com estados e municípios no trabalho de enfrentamento à pandemia.
"Há um certo esvaziamento do papel de coordenação nacional exercido pelo Ministério da Saúde na organização, na estruturação das ações nacionais de combate à pandemia", diz Mafort à Sputnik Brasil.
O servidor da Fiocruz também ressaltou o apoio de Bolsonaro a medicamentos sem eficácia comprovada: "É importante mencionar o incentivo dado, em vários momentos, ao uso de medicamentos como cloroquina e hidroxicloroquina sem a comprovação científica no tratamento de COVID-19."