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Reabertura de fronteiras: países enxergam Brasil com 'preocupação', diz analista

Com a reabertura gradual das fronteiras ao redor do mundo, o cenário não é otimista para o Brasil. Com mais de um milhão de casos de coronavírus, abrir as portas para estrangeiros não será simples, avaliam especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil.
Sputnik

O Brasil iria reabrir suas fronteiras para estrangeiros nesta segunda-feira (22), mas o Governo Federal publicou portaria no Diário Oficial da União para prorrogar a proibição de entrada no país por mais 15 dias. 

A União Europeia já reabriu as fronteiras para viagens entre os países signatários do Tratado de Schengen e discute os próximos passos a serem tomados. O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, afirmou que os brasileiros poderão ser barrados caso esta seja a recomendação da Agência Europeia de Prevenção da Doença. O premiê português, contudo, também destacou que voos entre os dois países tiveram sua frequência diminuída, mas não deixaram de acontecer.

Reabertura de fronteiras: países enxergam Brasil com 'preocupação', diz analista

Com mais de um milhão de casos de COVID-19, o Brasil é o segundo país com mais casos da enfermidade em todo o mundo, atrás apenas dos Estados Unidos (2.298.696 casos). Rússia (591.465 casos), Índia (425.282 casos) e Reino Unido (306.761 casos) completam a lista dos cinco países com mais diagnósticos do novo coronavírus, informa a Universidade Johns Hopkins.

Para o professor do Insper e ex-Secretário Nacional de Justiça Beto Vasconcelos, o Brasil perdeu a oportunidade de adotar medidas como o distanciamento e a quarentena no início da pandemia e as autoridades públicas adotaram um "discurso negacionista".

Em entrevista à Sputnik Brasil, o analista afirma que a "política errática" das autoridades nacionais tem feito com que "outros países olhem o Brasil agora com preocupação em termos de fluxo migratório".

"O temor que o governo brasileiro tem ao evitar ingresso [de estrangeiros] é o temor que todos os demais países parecem também ter, mas faz parte de uma política articulada, interna e externa. E o Brasil não demonstra ter essa preocupação sobre saúde pública", diz Vasconcelos.

O professor de Relações Internacionais da USP (Universidade de São Paulo) Alexandre Uehara ressalta que enquanto os países asiáticos preparam-se para a segunda onda de contágio da COVID-19, o Brasil sequer superou a primeira onda. 

"Estamos registrando um grande número de casos e mortes, infelizmente. Mesmo assim, o governo do Brasil está preocupado, ou se mantém preocupado, com a entrada de novas pessoas que possam chegar ao território brasileiro com o contágio", diz Uehara à Sputnik Brasil. 

O professor ainda destaca dois pontos sobre a possível reabertura das fronteiras brasileiras: os turistas ainda estão temorosos com o vírus e a crise econômica está tirando recursos de muitas pessoas. 

"O problema não é exatamente a quantidade de enfermos que o Brasil poderia ter com a chegada de novos estrangeiros, mas o controle que o governo teria que ter sobre tudo isso", diz Uehara.
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