Os Combatentes pela Liberdade da Coreia do Norte (FFNK, na sigla em inglês), uma ONG do desertor norte-coreano Park Sang-hak, anunciou ter lançado do território sul-coreano 20 balões com 500.000 novos folhetos de propaganda anti-Pyongyang.
Segundo o comunicado de imprensa da ONG à disposição da Sputnik, os balões foram lançados da cidade fronteiriça de Paju, a cerca de 20 quilômetros do escritório da sede de comunicações em Kaesong destruído há poucos dias pelas autoridades norte-coreanas após o lançamento anterior de folhetos.
A ONG ressaltou que não pode tolerar que no século XXI existam regimes "que realizam execuções públicas com armas antiaéreas e espancam pessoas até à morte em campos prisionais políticos".
O movimento também criticou o governo sul-coreano de Moon Jae-in por "enganar seu próprio povo" assinando acordos com a Coreia do Norte, "apresentando tudo como se Kim Jong-un quisesse se livrar das armas nucleares".
A ONG comparou as tentativas de Moon de iniciar a cooperação com o vizinho do Norte com os esforços do ex-premiê britânico Neville Chamberlain em fazer a paz com Adolf Hitler.
A ONG ressaltou que seu objetivo é transmitir a verdade a seus "irmãos" do Norte, e disse que suas atividades não colocam em risco a vida dos moradores dos territórios fronteiriços da Coreia do Sul.
"À nossa frente está o feroz inimigo Kim Jong-un, e atrás de nós está o regime de Moon Jae-in, que se tornou um servo do nosso principal inimigo. Mas a luta solitária dos desertores norte-coreanos [...] é uma luta justa pela liberdade e libertação dos 20 milhões de norte-coreanos", afirma a organização.
Tensões coreanas
No final de maio, a ONG lançou 20 balões com 500.000 folhetos de propaganda anti-Pyongyang na Coreia do Norte, a partir do território sul-coreano, sendo o terceiro lançamento deste ano.
Em resposta, Pyongyang ameaçou quebrar os acordos alcançados na histórica cúpula de 2018, em particular a Declaração de Panmunjom, que previa a suspensão de ações hostis, incluindo a transmissão de propaganda radiofônica e a distribuição de panfletos.
Em 9 de junho, a Coreia do Norte cortou as linhas de comunicação civil e militar com a nação vizinha, e, na última terça-feira (16), destruiu o escritório de ligação com o Sul, localizado na cidade fronteiriça de Kaesong. Pyongyang também anunciou que está se preparando para lançar milhares de balões com milhões de folhetos de propaganda anti-Seul para o Sul.
O Ministério da Unificação sul-coreano apresentou uma queixa contra a organização Combatentes pela Liberdade da Coreia do Norte e o grupo de desertores de Keunsaem, que geralmente enviam para a Coreia do Norte garrafas plásticas com arroz e propaganda anti-Pyongyang.
Na sexta-feira (19), Keunsaem anunciou que estava cancelando seus planos de enviar garrafas de arroz para o Norte por causa das crescentes tensões entre as duas Coreias. Enquanto isso, a ONG disse que continua seu plano de enviar um milhão de folhetos para o Norte na quinta-feira (25), no 70º aniversário do início da Guerra da Coreia.