Confusão dos EUA não deve trazer China para negociação sobre armas nucleares, diz analista

Parece improvável que a China se junte ao que os EUA esperam que se torne um acordo trilateral sobre diminuição de armas nucleares devido à falta de clareza de Washington, afirma especialista ouvido pela Sputnik. 
Sputnik

A China recusou uma reunião com os Estados Unidos e a Rússia em Viena na segunda-feira (22) para discutir o futuro do último grande pacto de controle de armas, o Tratatado de Redução de Armas Estratégicas, conhecido como START III, que expira em fevereiro. Pequim argumenta que possui apenas uma fração dos arsenais nucleares na comparação com Moscou e Washington. 

"As perspectivas de progresso a curto prazo envolvendo a China em um processo 'trilateral' são extremamente baixas e o governo [do presidente dos EUA] Donald Trump não deixou claro como propõe que a China possa contribuir com o processo", disse o diretor executivo da Associação de Controle de Armas Daryl Kimball.

O analista sugeriu que os Estão Unidos estão realmente buscando um diálogo com Pequim, mas também "cinicamente tentando retratar a China como um obstáculo à redução de armas nucleares quando, na realidade, são os Estados Unidos e a Rússia que possuem 90% das armas nucleares do mundo".

Estima-se que Rússia e Estados Unidos tenham pouco mais de 6 mil ogivas, enquanto a China tem 290, a França, 300 e o Reino Unido cerca de 200, de acordo com os números de 2019 fornecidos pela Associação de Controle de Armas.

Eventualmente, a China e outras potências nucleares precisarão assumir maior responsabilidade pelo desarmamento nuclear, acrescentou Kimball, mas agora, diz o analista, a melhor aposta dos EUA e da Rússia é estender o pacto incondicionalmente por mais cinco anos para ganhar tempo para negociações de um novo acordo

Kimball sugeriu que essa medida "melhoraria as perspectivas de que a China possa contribuir para o processo de desarmamento no futuro".

"Sem o START III, os dois maiores arsenais nucleares ficarão sem restrições pela primeira vez em quase cinco décadas e o risco de uma perigosa corrida nuclear armada crescerá", alertou o especialista.

Comentar