A universidade alemã conta no currículo acadêmico de Decotelli na plataforma Lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), porém o certificado que o ministro alega ter obtido lá foi desmentido.
Em um comunicado enviado ao jornal O Globo, a instituição informou que o ministro conduziu pesquisas na universidade por um período de três meses há quatro anos, em 2016, porém não concluiu nenhum programa de pós-doutorado, que, na Alemanha, dura de dois a quatro anos.
Na sua página na plataforma Lattes, Decotelli declarou que frequentou a Universidade de Wüppertal entre 2015 e 2017, tendo recebido o certificado de pós-doutor, algo que não é um título acadêmico formal, mas caracteriza um acadêmico que conduz pesquisas após o doutorado.
O doutorado do ministro da Educação foi alvo de escrutínio na semana passada. O reitor da Universidade de Rosário, na Argentina, afirmou que ele não tem o título de doutor na instituição, apesar de ter estudado lá. Decotelli cumpriu todos os créditos, mas o seu projeto de pesquisa foi rejeitado por uma banca de três avaliadores.
O ministro acabou corrigindo o seu currículo depois da polêmica, mas havia mantido o suposto pós-doutorado na Alemanha.
Além das polêmicas com o doutorado e o pós-doutorado, Decotelli ainda tem sob suspeita o seu título de mestrado, obtido na Fundação Getúlio Vargas (FGV). A instituição investiga a suspeita de eventual plágio na dissertação. Em nota, o MEC negou qualquer má-fé do ministro, que iria revisar o trabalho.
Antes de assumir o ministério, o militar da reserva Decotelli foi presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Na sua gestão, a entidade acabou se envolvendo em uma grande polêmica sobre uma licitação que acabou cancelada por vários problemas em seu edital.
Ele não é o primeiro ministro do governo do presidente Jair Bolsonaro a ter informações controversas em seus currículos profissionais. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmava ter uma titulação de mestre junto à Universidade de Yale, nos EUA, o que foi negado pela instituição. Ele atribuiu o "erro" à sua assessoria.
Já a ministra Damares Alves, da Mulher, Família e Direitos Humanos, declarou no passado ser mestre em Educação e Direito. Desmentida pela mídia, informou que seu mestrado era "bíblico".