Asteroide encontrado orbitando Vênus dá pistas sobre asteroides semelhantes ao manto da Terra

Os astrônomos descobriram um asteroide dentro da órbita de Vênus, o primeiro de um possível conjunto próximo do Sol. O corpo celeste, pouco maior que uma pequena montanha, parece ser rico em olivina, que compõe grande parte das rochas profundas da Terra.
Sputnik

Com isso, alguns astrônomos acreditam que essa seja uma pista para encontrar um conjunto maior de asteroides, forjados no início da formação do Sistema Solar, segundo o portal Sciencemag.

"É improvável que observemos essa nova população e um objeto dominado por olivina seja o primeiro tipo que vemos [...] É isso que faz deste um resultado interessante", afirmou Francesca DeMeo, caçadora de asteroides do Instituto de Tecnologia de Massachusetts.

A maioria dos asteroides conhecidos fica em um cinturão além de Marte, "encaminhados" pela gravidade de Júpiter, sendo que apenas 23 mil asteroides foram encontrados dentro da órbita da Terra, pois tiveram suas órbitas perturbadas por interações com planetas internos.

Há tempos que os astrônomos suspeitam da existência de uma população ainda menor de objetos dentro da órbita de Vênus, conhecidos como Vatiras. Difíceis de serem detectados, esses objetos aparecem no horizonte ao amanhecer e anoitecer.

Contudo, no dia 4 de janeiro, os astrônomos encontraram o 2020 AV2, um asteroide de 1,5 quilômetro de largura em uma órbita de 151 dias em torno do Sol.

Usando os telescópios nas ilhas Canárias, o pesquisador do Instituo Astronômico da Academia Romena Marcel Popescu separou a luz refletida do asteroide revelando linhas de absorção, que são pistas de composição química, e identificando vestígios da olivina, um importante mineral no manto da Terra e em outros planetas.

"Não podemos afirmar definitivamente que é um asteroide dominado por olivina, mas ela é abundante em sua superfície", afirmou Popescu ao analisar a composição do 2020 AV2.

Os asteroides ricos em olivina são pulverizados com mais facilidade do que os mais resistentes, sugerindo que a maior parte do manto desaparecido ficou em pequenos pedaços.

O 2020 AV2 pode representar uma população oculta de objetos menores e ricos em olivina no cinturão principal, que são difíceis de observar por estarem distantes da Terra, ressaltou Popescu.

DeMeo observa que os Vatiras surgiram da parte interna do cinturão de asteroides, onde os corpos ricos em olivina são mais comuns, o que torna o 2020 AV2 menos surpreendente.

Agora, Popescu procura por sinais de piroxina, que confirmaria sua identidade como um asteroide do "manto".

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