'Bunny ebola': vírus mortal dos coelhos se espalha rapidamente nos EUA

Humanos não são os únicos a enfrentar uma pandemia. Enquanto o mundo, especialmente os EUA, enfrenta o SARS-CoV-2, outro vírus está dizimando coelhos selvagens e domésticos, sobretudo nos EUA.
Sputnik

Em sete estados do sudoeste dos EUA, milhares de coelhos selvagens e domésticos estão morrendo de um raro surto de uma doença altamente contagiosa conhecida como doença hemorrágica viral do coelho (RHDV-2).

Segundo o portal Trust My Science, os sintomas desta doença podem ser agudos, como apatia, febre, dispneia, problemas de coordenação e tremores.

A doença, apelidada nos meios científicos de Bunny ebola, mesmo não tendo relação com o ebola humano, causa hemorragias graves, falência de órgãos e morte em coelhos.

'Bunny ebola': vírus mortal dos coelhos se espalha rapidamente nos EUA

Muitas vezes, o único sinal externo de que os animais estão infectados ocorre após a morte, sempre súbita, quando uma descarga sanguinolenta sai de seu nariz.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) tem confirmado desde abril de 2020 casos de RHDV-2 no Arizona, Califórnia, Colorado, Nevada, Novo México, Utah e Texas. Zonas do México ocidental também já estão afetadas pelo vírus.

Vírus que se propaga muito rapidamente

Este é o quarto surto de RHDV-2 nos Estados Unidos. Variantes do vírus se espalharam por quase todos os continentes desde que os cientistas relataram o primeiro caso na China, há 35 anos.

Mas nunca o vírus se tinha transmitido, como agora, dos coelhos domésticos para coelhos e lebres selvagens.

Esta nova epidemia na região sudoeste surgiu no Arizona e Novo México em março de 2020 e não está relacionada com as crises anteriores.

"Ainda não temos nenhuma ideia de onde veio", afirmou Ralph Zimmerman, um veterinário do estado do Novo México, citado pelo Trust My Science.

"É um efeito bola de neve – o vírus está se espalhando de forma louca", acrescentou.

Vírus altamente contagioso que é difícil de erradicar

O vírus mata com uma eficácia surpreendente. Incubando-se em apenas três dias, alguns coelhos infectados começam então a perder o apetite e energia, enquanto outros não apresentam sintomas externos antes de morrer. Os órgãos dos coelhos (principalmente fígado e baço) deixam de funcionar e seu sangue deixa de coagular adequadamente.

Na atual epidemia, as autoridades referem uma taxa de mortalidade de cerca de 90%, segundo o Trust My Science. Mas os sobreviventes se tornam um sério perigo para os outros, pois continuam espalhando o vírus por quase dois meses através do sangue, urina e fezes.

Embora o vírus não possa infectar seres humanos ou outros tipos de animais, ele pode grudar nos cabelos, sapatos e roupas e assim se deslocar nas fazendas de coelhos. Crê-se que também os insetos possam disseminar o vírus.

Este é um vírus extremamente difícil de erradicar e para o qual ainda não existe cura, podendo ele viver por mais de três meses à temperatura ambiente e suportar temperaturas de 50 °C por pelo menos uma hora, não sendo afetado pelo gelo.

Como o vírus se originou no estrangeiro, ainda não existe uma vacina licenciada nos Estados Unidos e a autorização para sua importação da Espanha e da França é demorada.

Atualmente, o USDA está trabalhando na produção doméstica de uma vacina contra o RHDV-2, mas, segundo apurou o Trust My Science, o processo provavelmente levará um ano ou mais.

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