Enquanto no Uruguai o número de infectados pelo novo coronavírus não chegou a mil casos, apenas na região da fronteira do Brasil com o país vizinho, no Rio Grande do Sul, o número de pessoas infectadas é de 600.
Com o aumento da preocupação das autoridades uruguaias, os dois países fecharam um acordo, adotando as mesmas medidas de controle da pandemia na fronteira das cidades de Rivera e Santana do Livramento.
O médico epidemiologista da Universidade Federal de Pelotas, Fernando Barros, em entrevista à Sputnik Brasil, elogiou o acordo com o Uruguai, observando que a passagem em alguns locais da fronteira "é absolutamente livre".
"O Uruguai é um país pequeno e muito bem organizado, estabeleceu um sistema de testagem maravilhoso, dizem que um dos melhores do mundo. A informação que eu li é que eles fazem 1.500 testes de vírus para cada caso novo, enquanto no Brasil nós não fazemos nem um teste de vírus por caso. Na realidade nós temos mais casos confirmados de COVID-19 do que testes de vírus feitos. Então nesse ponto nós estamos muito atrás", afirmou o especialista.
"O que o Brasil tem que fazer é ter uma boa vigilância sanitária pra saber onde está o problema, porque essa epidemia é diferente em cada região, em cada cidade, e usar as medidas clássicas que são essas de cuidado individual e coletivo com distanciamento, e testagem maçiça, algo que nós não fazemos, não sei se vamos fazer, porque o Brasil não criou tecnologia aproriada pra fazer teste de vírus em grande escala como é necessário", acrescentou.
Ao comentar o fato de que o Brasil vai receber doação do Uruguai de testes PCR como efeito do acordo, o epidemiologista destacou que para a cidade de Santana do Livramento a notícia "é um espetáculo", tendo em vista que a região teria o mesmo sistema de controle do que o Uruguai.
"A testagem aqui no Brasil é muito ruim e é por isso que a doença vem avançando muito. Então é bom pra Santana do Livramento e certamente bom pro Uruguai. O Uruguai está fazendo isso pra evitar que entrem casos de infecção brasileira pela fronteira, eu acho que a medida deles é muito boa, e pra cidades brasileiras na fronteira ótimo também, porque elas vão poder utilizar a tecnologia desenvolvida pelo Uruguai", completou o especialista.