Diretor de gigante tecnológica alerta para atraso dos EUA no desenvolvimento de 5G

Grandes empresas do setor tecnológico e senadores solicitam uma estrutura alternativa de 5G dos EUA para conter concorrentes da China, como Huawei e ZTE.
Sputnik

A alternativa mais popular seria a arquitetura baseada na nuvem, porém, não existe uma demanda forte o bastante para impulsionar fabricantes norte-americanos a produzirem chips para esta nova tecnologia sem fios.

A companhia Rakuten Mobile, pioneira japonesa em 5G, alertou os EUA que estes não investem adequadamente nos chips de silicone necessários para diminuir a demanda por sistemas chineses.

Tareq Amin, diretor técnico da Rakuten, disse ao portal de análise Politico que o governo dos EUA deve prover ao menos US$ 1 bilhão (R$ 5,34 bilhões) em incentivos federais para produtores de chips norte-americanos para facilitar a construção de uma rede móvel baseada na nuvem.

No momento, as gigantes de tecnologia, incluindo a AT&T e Verizon, baseadas nos EUA, estão construindo infraestruturas 5G com equipamentos físicos, utilizando antenas como as de telefonia.

Diretor de gigante tecnológica alerta para atraso dos EUA no desenvolvimento de 5G

A nascente estratégia de 5G baseada em nuvens, da qual a empresa japonesa é pioneira, busca substituir estruturas físicas de alto custo pelas baseadas em software, em que todas as funções e aplicativos do serviço serão processados em centros de dados na nuvem. Para tal, será utilizado um modelo aberto de arquitetura (Open RAN, na sigla em inglês).

Teoricamente, estas redes serão mais seguras e resilientes, enquanto operam com custos mais baixos. Contudo, críticos acreditam que estes benefícios são acompanhados por uma capacidade de transferência de dados reduzida.

No Japão, a Rakuten Mobile lançou a primeira rede do tipo. Agora, ela estuda como oferecer esta plataforma para operadores no exterior, incluindo nos EUA.

Porém, no centro deste novo formato estão os chips de silicone, e o diretor técnico acredita que a demanda do mercado por si só não representa incentivo o bastante para que os fornecedores produzam chips dedicados à rede 5G.

"Na China, a capacidade deles para construir silicone para 5G não possui paralelos", afirmou Amin, acrescentando que "se quisermos criar uma tecnologia 5G convincente, então devemos começar pelo centro, e o centro é o silicone".

"Não podemos encontrar o material certo ao custo correto, além da arquitetura correta, para abordar os futuros requisitos para rádios 5G serem feitos nos EUA", argumentou, reconhecendo que os Estados Unidos "estão em uma ótima posição para resolver isto, se colocarem os incentivos certos diante das principais companhias".

O investimento federal norte-americano, conforme sugere o diretor, poderia vir na forma de créditos fiscais para grandes produtoras de chips como a Qualcomm, NPX, Broadcom e Nvidia, assim como "ordens de marcha" para "criar um silicone altamente inovador".

No entanto, o procurador-geral William Barr, que foi advogado da Verizon, afirmou, conforme cita o portal Politico:

"Esse formato não foi testado de todo e levaria muitos anos para tomar forma, e não ficaria pronto em uma década, ou jamais."

Barr encorajou a administração Trump a investir em gigantes tecnológicas da Europa para conter a Huawei.

Apesar do ceticismo, dezenas de grandes companhias do setor, incluindo operadoras e fornecedoras como a AT&T, Google, Rakuten, Nokia e IBM, lançaram uma coalizão em maio deste ano para promover o formado Open RAN. Já a provedora de satélites DISH Network está atualmente desenvolvendo sua primeira rede autônoma norte-americana 5G baseada na nuvem.

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