Ouro à prova de crises: por que nem mesmo coronavírus consegue rebaixar esse metal precioso?

Especialista opina que ouro se manteve forte e estável durante surto do novo coronavírus ao contrário das criptomoedas e ações, e defende que, no momento, a prata é também ativo interessante de refúgio.
Sputnik

O especialista em mercados de metais preciosos Dimitri Speck avaliou para a Sputnik Alemanha a situação atual com o metal amarelo.

"O preço do ouro tem crescido muito bem desde o início do ano e passou pelo pico do coronavírus sem problemas, enquanto o valor do bitcoin caiu pela metade e os preços das ações também diminuíram seriamente", afirmou.

"Julho será um bom mês para o ouro", previu o especialista em metais preciosos por haver uma aumento sazonal na demanda, graças a casamentos e férias.

"Estes são fatores que também têm um efeito positivo sobre os preços do ouro", explicou, acrescentando que os preços variam durante a semana e que por norma atingem o auge às sextas-feiras.

"Portanto, faz sentido comprar [só] até quinta-feira," indicou.

Metal amarelo continua na liderança

"Em minha opinião, o preço do ouro, apesar das manipulações [e do choque econômico causado pela pandemia], caiu muito pouco recentemente", acredita o especialista, mantendo sua posição de líder entre todas as principais classes de investimento.

Segundo o especialista, a situação de superendividamento que asfixia a economia mundial e as medidas de resgate tomadas pelos bancos centrais de diferentes países com o consequente excesso de liquidez podem provocar "uma verdadeira catástrofe do sistema financeiro", incluindo uma inflação galopante.

O especialista não tem dúvidas: "Governos e bancos centrais inundarão os mercados com dinheiro barato a curto e médio prazo, portanto, as dívidas ficarão fora de controle e continuarão crescendo até que ocorra um grande colapso."

Em momentos de crise, o ouro desempenha sempre um papel de ativo de refúgio, já se observando um "rali" nos mercados de ouro e de outros metais preciosos.

Com a pandemia, as minas de ouro pararam de operar em todo o mundo, da África do Sul ao Peru até a Rússia, sem contar na interrupção nas refinarias do mineral.

Com a abertura gradual das economias, as minas de ouro e as fábricas de processamento do metal amarelo vão retomando suas operações um pouco por todo o mundo, com exceção de alguns países em desenvolvimento. Tal fato reduz a oferta, contribuindo igualmente para o aumento do preço.

A demanda por ouro físico, especialmente moedas e barras, tem aumentado, pois "muitos investidores entendem que o sistema financeiro está em perigo de turbulência, por isso optam pelo seguro, comprando ouro", prosseguiu Speck.

Perspectivas para a prata

"A prata durante o pico do coronavírus mostrou-se muito mais volátil que o ouro, inclusive por se tratar de um metal industrial", diz Speck.

No entanto, a longo prazo, a prata talvez possa ser "uma alternativa de investimento ainda mais atraente do que o ouro", sobretudo se os preços do ouro subirem patamares muito altos, como aconteceu no final dos anos 70 e 80, ou como foi o caso em 2011.

Então, segundo o especialista, o preço da prata começa a subir, levando muitos investidores a tomar o rumo da prata.

Tendo em conta que as reservas de filões de prata são menores que as de ouro, "para aqueles que querem investir em metais preciosos a longo prazo, na minha opinião, a prata em vez do ouro seria mais atraente", concluiu o especialista.

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