Na mesma base de comparação, os pedidos de recuperação judicial avançaram 82,2%, enquanto as falências decretadas e recuperações judiciais deferidas subiram 93% e 103,3%, respectivamente.
O economista da empresa de informações de crédito Boa Vista, Flávio Calife, em entrevista à Sputnik Brasil explicou que o indicador de falências e de recuperações é construído com base nos dados mensais registrados no banco de dados da Boa Vista, de fóruns, varas de falências, diários oficiais e da justiça de todos os estados, sendo um dado nacional calculado mensalmente.
"O que a gente viu neste último mês de junho é que houve uma elevação de mais de 28% no número de falências na comparação com o mês de maio. No mês de maio também teve uma elevação acima de 20%. Então a gente tem mostrado que nos últimos meses o número de falências vem aumentando mais fortemente", afirmou.
De acordo com ele, essa elevação no número de falências hoje "já reflete, sem dúvida, boa parte das restrições que foram impostas à economia por conta da COVID-19". O especialista observou que as restrições levaram as empresas a reduzir muito suas receitas, "mantendo o aumento de custos e com uma dificuldade de acesso a crédito, que levou elas a uma certa insolvência".
Já o economista e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Milton Pignatari, em entrevista à Sputnik Brasil, analisou o cenário econômico pós-pandemia, observando que este período ainda é uma incógnita, porque "as projeções do mercado, as projeções internacionais, elas não estão absolutamente pessimistas, mas elas estão apontando para uma recessão, apontando para problemas econômicos em geral, não só no Brasil, mas no mundo inteiro".
"Eu diria que essa previsão para o período pós-pandemia é uma previsão de uma restrição bastante grande de crédito, de consumo, e as empresas vão ter que se adaptar, elas já estão se adaptando, tentando sobreviver", argumentou o economista.
Ao comentar os mecanismo do governo para contornar a crise, o economista disse que "as regras que foram criadas de certa forma tentaram favorecer as empresas, mas o mais importante que a gente vê é que as empresas estão procurando soluções alternativas".
"A gente não está tendo aquele desânimo total. Isso eu percebo conversando com algumas pessoas do segmento empresarial, do segmento comercial, as pessoas não estão entregando os pontos", observou.
"Eu acho que as empresas vão sobreviver, em vários segmentos, eu acho que em todos os segmentos vão ter empresas sobrevivendo, em todas as áreas. A gente não tem uma área específica que é mais forte, tirando o agronegócio [...] Mas eu acho que todos os setores de certa forma vão sofrer nessa pós-pandemia, eu diria que pelo menos uns seis meses a gente vai ter um problema muito sério, e a partir daí a gente começa ter uma recuperação", completou.