As propostas, de curto a longo prazo, foram elaboradas por pesquisadores de todas as áreas de atuação da instituição, se dividindo entre atividade produtiva e reconstrução das cadeias de produção, inserção internacional, investimento em infraestrutura e proteção econômica e social de populações vulneráveis.
Entre as medidas, destacam-se a concessão de empréstimo favorecido para micro e pequenas empresas, implementação de programas de subsídio temporário à contratação de trabalhadores, renovação dos programas de redução da jornada, utilização das compras públicas para fomentar as atividades das empresas de pequeno porte e criação de uma estratégia integrada para promover o emprego e a educação dos jovens vulneráveis.
"O Ipea, como instituição cinquentenária e think tank governamental, e na qualidade de principal órgão de pesquisa e proposição de políticas públicas do Estado, toma a iniciativa de compilar mais de 30 contribuições de caráter indicativo e propositivo que são compatíveis com os recursos públicos e privados disponíveis, para auxiliar na tomada de decisão do governo", afirma o presidente do Ipea, o economista Carlos von Doellinger, em nota.
Em entrevista à Sputnik Brasil, o diretor de Estudos e Políticas Setoriais de Inovação e Infraestrutura do instituto, André Rauen, explica que a pandemia atingiu o Brasil em um período de forte restrição fiscal, e, hoje, para fazer o dever de casa em termos de recuperação, o país precisa levar em consideração que essa situação fiscal do país é bastante diferente da de outros países que também foram profundamente prejudicados pelo surto do novo coronavírus.
"A gente está em uma situação fiscal muito sensível. Portanto, a gente tem um duplo desafio: é reativar a atividade econômica, ao mesmo tempo que preserve o equilíbrio fiscal. É evidente que nossas propostas levaram isso em consideração", afirma.
O especialista destaca que o relatório dedica todo um eixo de estudos relacionados a "velhas questões sociais do Brasil" e que voltaram ao radar das políticas públicas, que vão desde o acesso a água e esgoto até a educação integral, passando por áreas como saúde, incentivo à pesquisa e novas tecnologias.
"As questões de desenvolvimento econômico e melhoria das condições sociais são, de fato, o principal objetivo disso tudo. Das 33 propostas, a grande maioria é voltada para desenvolvimento econômico e melhoria das condições sociais."
Em resumo, Rauen aponta que são três objetivos bem específicos contemplados pelas propostas do Ipea para o pós-pandemia: garantir emprego e renda, garantir a retomada da atividade econômica e garantir proteção social aos mais vulneráveis.
"Agora, a gente vai discutir com a sociedade, ver o que a sociedade acha, o Congresso acha, o que o Ministério da Economia acha, e vamos debater. O Ipea está cumprindo o seu papel, que é oxigenar esse debate, que é apresentar propostas — é muito importante que se diga isso — desenhadas com base em um diagnóstico feito a partir de evidências muito concretas."