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Pandemia agrava 'problema estrutural' da evasão escolar no Brasil, diz pedagogo

O coronavírus deve agravar as dificuldades da educação brasileira e pode reforçar as desigualdades sociais, afirma analista ouvido pela Sputnik Brasil. 
Sputnik

A pesquisa "Juventudes e a pandemia do coronavírus" indicou que 28% dos jovens pensam em largar escola após a pandemia e 49% considera desistir do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Além disso, 67% dos estudantes afirmou não estar conseguindo estudar para o Enem, principal exame de admissão das universidades brasileiras.

Em entrevista à Sputnik Brasil, o pedagogo e professor da Faculdade de Educação da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) Lincoln Araújo afirma que a pandemia deve piorar os problemas da educação brasileira, que nunca conseguiu universalizar o acesso de crianças e jovens ao ensino. Araújo diz que o século XX foi um período "perdido em relação ao oferecimento da educação, da universalização do ensino."

Os números do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) mostram que o Brasil não é campeão mundial em educação. No ranking de 79 países, o Brasil ocupa a parte de baixa da tabela nas seguintes disciplinas: ciência (66º), matemática (70º) e leitura (57º).

"Se nós no século XX não conseguimos cumprir a universalização da educação presencial, como nós vamos agora garantir a universalização da educação virtual?", diz Araújo.

O professor da UERJ também considera "preocupante" a discussão sobre volta às aulas presenciais no momento em que o Brasil é um dos principais epicentros do mundo da pandemia. 

"Há uma pressão do grande capital no sentido de você aquecer a economia, mas em detrimento daquilo que é fundamental para todos nós, que é a promoção da vida, é a partir dessa matriz de reflexão que queria dizer o seguinte: nós vivenciamos, nascemos, crescemos com uma cultura da produtividade. O que significa dizer que há uma preocupação muito grande se as crianças vão perder o ano, ninguém perde o ano ganhando a vida", avalia Araújo. 
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