A Huawei - a maior produtora mundial de equipamentos de rede de telecomunicações - se tornou uma questão crucial no impasse geopolítico entre Pequim e Washington, que afirma que a empresa chinesa representa uma ameaça significativa à segurança cibernética.
O Brasil deve lançar uma licitação no próximo ano para um projeto para desenvolver a próxima geração de tecnologia de telecomunicações no país mais populoso da América Latina, lar de 212 milhões de pessoas.
Contudo, o embaixador dos EUA em Brasília, Todd Chapman, alertou em uma entrevista que pode haver "consequências" se o Brasil for contra os conselhos dos EUA e escolher a empresa chinesa.
Na quinta-feira (30), Pequim considerou as declarações do embaixador um exemplo dos EUA "coagindo abertamente outros países a obedecer à vontade dos Estados Unidos".
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, declarou que os EUA se opõem ao uso de produtos da Huawei não por razões de segurança nacional, mas porque se opõem ao aumento de empresas chinesas.
"Quando as empresas de outros países alcançarem uma vantagem principal, os políticos dos EUA inventarão desculpas para usar o poder nacional para conduzir uma opressão inescrupulosa", destacou Wang em uma coletiva de imprensa.
Washington proibiu a Huawei de atuar no mercado dos EUA e realizou uma campanha global para isolar a empresa. O governo britânico cedeu à crescente pressão dos EUA e prometeu no início deste mês remover a Huawei de sua rede 5G até 2027, apesar dos avisos de retaliação de Pequim.
A Austrália e o Japão também tomaram medidas para bloquear ou restringir a participação da empresa chinesa em seus lançamentos 5G, enquanto operadoras de telecomunicações europeias, incluindo a norueguesa Telenor e a sueca Telia, aderiram à Huawei como fornecedora.