Índia tenta usar estratégias dos EUA para conter influência da China, diz analista

As conversações sobre a região de Ladakh entre China e Índia foram realizadas no contexto de posicionamento adicional de tropas por Nova Deli e aumento de seu potencial militar.
Sputnik

Especialistas afirmam que a Índia atua ao estilo norte-americano para conter a crescente influência chinesa.

Às vésperas da quinta rodada de consultas para reduzir a tensão na Linha de Controle Real, que separa os dois países na região montanhosa de Ladakh, a agência Bloomberg informou sobre os planos da Índia de implantar 35 mil militares adicionais ao longo da controversa fronteira com a China no Himalaia.

"Trata-se de uma espécie de demonstração de força, um gesto que demonstra que a Índia vai negociar a fronteira, porém não cederá seus interesses nacionais e segue a ideia de 'se quer a paz, prepare-se para a guerra'", comentou à Sputnik o especialista da Universidade Estatal de Moscou Boris Volkhonsky.

No dia 29 de julho, os primeiros cinco caças Rafale, comprados da França, pousaram na Índia.

"Se alguém deve se preocupar ou criticar esta nova aquisição da Força Aérea indiana, devem ser aqueles que querem ameaçar nossa integridade territorial", comentou em sua conta do Twitter o ministro da Defesa indiano, Rajnath Singh.

Entretanto, as estratégias indianas também poderiam estar voltadas para o Paquistão, segundo o especialista Boris Volkhonsky.

"Não é segredo que a Índia está elevando sua capacidade de defesa. Não se trata apenas das relações com a China, mas também sobre outro vizinho, o Paquistão. Também se trata de elevar o nível da Índia ao menos como potência regional e, no futuro, como potência mundial", afirmou.

Apesar do esforço indiano, o diretor de Centro de Estudos Indianos da Universidade de Shenzhen, Yu Long'yu, opinou que a atividade militar da Índia é estrategicamente inútil.

"Como civilizações mundiais, a China e a Índia devem apoiar a paz como o postulado mais importante. Seu enfrentamento causará um grande dano aos interesses dos povos de ambos os países. A compra de armas da França por parte da Índia e o envio de unidades adicionais à fronteira não têm sentido do ponto de vista estratégico", comentou.

Além disso, "a compra de armas é paga com os impostos da população, e os militares podem sofrer facilmente perdas em um conflito", enfatizou.

Estratégia norte-americana

Ao mesmo tempo, o Ministério da Educação da Índia tem previsto revisar 54 memorandos de entendimento firmados por prestigiosas instituições de ensino da Índia com parceiros chineses.

O chinês, entretanto, não é mencionado na lista de idiomas estrangeiros oferecidos aos estudantes, informam as mídias locais.

Para o especialista Volkhonsky, a ação indiana lembra muito as estratégias usadas pelos EUA para conter a influência chinesa.

"É algo que recorda o que os EUA estão fazendo ao impor uma proibição de cooperar com a China, com certas empresas, na compra de tecnologia. Neste caso, na Índia, envolve-se a esfera do poder brando. Esta medida tem o objetivo de limitar o possível crescimento do sentimento pró-China na sociedade indiana", observou.

Para Yu Long'yu, a desconfiança nas relações entre os dois países é o maior problema, mesmo com os contatos ativos de mais alto nível.

"Os líderes da China e da Índia possuem uma profunda amizade, é um valioso capital que devemos utilizar plenamente [...]. O núcleo de muito problemas entre a China e a Índia é a falta de entendimento mútuo. Se a desconfiança for superada, é possível resolver muitos problemas em geral", ressaltou.

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