O nitrato de amônio entrou em evidência nesta semana, após a forte explosão, ocorrida na terça-feira (4) em Beirute, no Líbano. O produto, usado como matéria prima para produção de fertilizantes e para explosivos, estaria sendo armazenado de forma incorreta nas instalações do porto da cidade, provocando a tragédia que levou a vida de centenas de pessoas.
O Brasil importa cerca de um milhão de toneladas de nitrato de amônio por ano, e toda essa operação é fiscalizada pelo exército.
Segundo o engenheiro químico José Eduardo Wanderley Cavalcanti, fundador e diretor da empresa Ambiental, o produto é amplamente utilizado em todo o território nacional como fertilizante, e os cuidados no seu manejo são bem conhecidos.
"O nitrato de amônio é explosivo, mas não é inflamável. Ele pode ser deflagrado quando detonado. E quando detonado, ele causa um grande deslocamento de ar, destruindo tudo em volta. Nas pessoas, causa uma onda de pressão violenta causando a morte por injúria dos pulmões. As causas dessas detonações ocorrem por conta do nitrato de amônio se misturar com impurezas, por exemplo enxofre", explicou o engenheiro químico.
Ele acrescentou que, em função do seu grande potencial explosivo, o nitrato de amônio é usado em fabricação de bombas, como a utilizada no Atentado de Oklahoma City, em 1995. Além disso, acidentes já aconteceram em fábricas do produto na Alemanha e na França. Por isso o exército controla o processo de importação do nitrato de amônio, que não é produzido no Brasil.
"Todos os desembarques de nitrato de amônio só são efetivados mediante autorização do exército. Existe um controle rígido disso. Acredito que depois desse acidente de Beirute o controle passará a ser mais rígido ainda", concluiu José Eduardo Wanderley Cavalcanti.