Cientistas descobriram que o feromônio chamado 4-vinilanisol (4VA) é um feromônio de agregação do gafanhoto migratório e todos os gafanhotos dessa subespécie, locusta migratória, são fortemente atraídos pelo 4VA. Essa conclusão foi publicada na quarta-feira (12) na revista científica Nature.
Arma secreta
4VA é específico para apenas uma subespécie de gafanhoto, mas pode abrir caminho para a descoberta de feromônios de controle de enxame semelhantes em outros gafanhotos.
Para testar a eficácia da manipulação do feromônio, os pesquisadores usaram armadilhas pegajosas com 4VA e o resultado foi altamente satisfatório, com o feromônio atraindo os insetos.
"Este estudo encontrou o feromônio de agregação há muito esperado, mas nunca descrito, que é responsável por unir gafanhotos solitários e transformá-los em gafanhotos gregários e perigosos", explica Leslie Vosshall, neurobiologista que escreveu um artigo explicando as descobertas do estudo.
Os autores do estudo propõem algumas maneiras de transformar o 4VA em arma contra os gafanhotos, seja encurralando-os em áreas específicas antes de matá-los em massa ou por meio da bioengenharia de soluções mais passivas e menos genocidas.
Isso teria o benefício adicional de limitar os danos colaterais associados ao uso de pesticidas, que é o único método eficaz comprovado de matar enxames de gafanhotos, mas que prejudica a flora e a fauna da região.
Ano da praga
"Este é um ano de praga", acrescentou Vosshall, referindo-se aos gafanhotos do deserto que causaram estragos no leste da África e em partes da Ásia este ano.
Uma nuvem de gafanhotos passou pelo Paquistão e pela Índia em junho. Em julho, foi a vez do enxame passar pela América do Sul, principalmente na Argentina, e América Central, principalmente na Guatemala. A voracidade dessa praga colocou em risco as lavouras de dezenas de países.