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'Demitir durante a pandemia é desumano', diz sindicalista sobre demissões da GM no Brasil

A montadora General Motors (GM) está oferecendo salários e até um carro para cada funcionário em um programa de demissão voluntária devido à crise da COVID-19. Sobre o assunto, a Sputnik Brasil ouviu um sindicalista que lidera trabalhadores organizados em São José dos Campos e região.
Sputnik

Tendo em vista os efeitos da crise da pandemia do novo coronavírus, a montadora GM apresentou um programa de demissão voluntária aos funcionários nas cidades paulistas de São Caetano do Sul e São José dos Campos, oferecendo salários extras e até um automóvel como compensação. A empresa, que tem cerca de 18 mil empregados no Brasil, alega que o programa busca evitar demissões em massa.

Para Weller Gonçalves, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, multinacionais deveriam garantir a permanência de seus empregados, principalmente durante a pandemia. Apesar disso, aponta que o sindicato que preside respeitará a decisão individual dos trabalhadores.

"Nós achamos que uma empresa do porte da GM, que é muito forte a nível internacional, teria total condição de manter os 18 mil funcionários, por mais que durante o período da pandemia houve uma queda na produção. [...] Nós achamos que demitir durante a pandemia é desumano", afirma Gonçalves em entrevista à Sputnik Brasil.

O sindicalista explica também que foi a partir de uma reunião solicitada com a empresa, após o anúncio de que haveria demissões, que a GM apresentou o programa de demissão voluntária.

Dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que a taxa de desemprego no Brasil chegou a 13,7% e já atinge 12,9 milhões de pessoas. Ao mesmo tempo, a pandemia continua avançando no Brasil, que segue sendo o segundo país mais atingindo pela COVID-19, com mais de 106 mil mortes causadas pela doença.

Saúde dos trabalhadores

Com a explosão da pandemia no Brasil e a recente reabertura da economia, uma das preocupações tem sido a saúde dos trabalhadores. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região, Weller Gonçalves, defende que o isolamento social é a melhor forma de proteger os operários, e na falta dessa possibilidade, a adoção de medidas de proteção no local de trabalho. A GM, por sua vez, garante que tem seguido protocolos rígidos de proteção de seus funcionários no retorno às atividades.

"Aqui na GM de São José dos Campos, a diretoria do nosso sindicato, junto com a CIPA, que é a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, vem fazendo este acompanhamento. Infelizmente a gente vê, não só na GM, mas também nas outras empresas, aumentar cada vez mais o número de trabalhadores infectados pela COVID-19. [...] Por isso nós não vamos deixar os trabalhadores na mão da empresa, nós estaremos fazendo essa fiscalização do protocolo de combate à COVID-19 todos os dias", afirma.
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Gonçalves conta também que nesse sentido, ainda no início da pandemia, os trabalhadores metalúrgicos da região exigiram uma licença remunerada das empresas, que foi seguida de férias coletivas no caso da GM. O movimento garantiu isolamento social para maioria dos trabalhadores da categoria na região.

"No começo da pandemia, não só a GM, como 84% da categoria metalúrgica de São José dos Campos e região ficou paralisada, fruto da greve geral metalúrgica que nós fizemos. Nós fizemos um forte movimento, e fruto da nossa pressão, principalmente nos meses de março e de abril, teve essa greve geral metalúrgica onde os trabalhadores puderam ficar em casa", aponta.
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