O gelo da Groenlândia já passou de um ponto sem volta, afirmam pesquisadores da Universidade Estadual de Ohio, EUA.
Segundo o estudo da equipe, publicado na quinta-feira (13) na revista científica Nature, antes de 2000, a maior ilha do mundo tinha uma chance igual de perder ou ganhar gelo, mas que a probabilidade de recuperar gelo em um ano caiu para 1% desde o início do século XXI.
"O que descobrimos é que o gelo que está sendo descarregado no oceano está ultrapassando de longe a neve que se acumula na superfície da camada de gelo", relatou Michalea King, principal autora e pesquisadora do estudo no Centro de Pesquisa Polar e Climática Byrd da Universidade Estadual de Ohio, em um comunicado à imprensa.
Só no ano de 2019, devido à onda de calor emanada da Europa, o território não-incorporado da Dinamarca perdeu 55 bilhões de toneladas de gelo no seu manto, o suficiente para inundar o estado de Acre no Brasil com mais de dez centímetros de água.
A atual taxa de derretimento da Groenlândia aumentaria os níveis mundiais de água em 6,9 centímetros até 2100, de acordo com um estudo lançado em dezembro.
Além disso, um derretimento completo da ilha faria o nível do mar subir sete metros até o ano 3000, inundando cidades costeiras em todo o mundo, comenta o portal Business Insider. A maior parte da população mundial habita nesses locais.
"O recuo da geleira levou a dinâmica de toda a camada de gelo a um estado de perda constante", aponta Ian Howat, um glaciologista e coautor da pesquisa. "Mesmo que o clima ficasse o mesmo ou até mesmo um pouco mais frio, a camada de gelo continuaria perdendo massa."
Outros efeitos
Existe outro perigo vindo do derretimento da Groenlândia, pois ele expõe à atmosfera o pergelissolo, solo congelado que libera poderosos gases de efeito estufa quando descongela, e libera gases de estufa que retêm calor mais rapidamente que as emissões de combustíveis fósseis da humanidade.
Perigos semelhantes ao ecossistema mundial acontecem com a eliminação de florestas tropicais, particularmente na Amazônia, que se for completamente desmatada, lançaria até 140 bilhões de toneladas de carbono para a atmosfera.
"Passamos o ponto sem volta, mas obviamente há mais por vir. Em vez de ser um único ponto de inflexão no qual passamos de uma camada de gelo feliz para uma camada de gelo em rápido colapso, é mais uma escadaria onde caímos do primeiro degrau, mas há muito mais degraus para terminar no fundo", concluiu Howat à emissora CNN.