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Auxílio emergencial tem que ser pago de forma regressiva, diz economista

O presidente Jair Bolsonaro tem aproveitado o aumento da sua popularidade para cobrar do ministro da Economia, Paulo Guedes, uma maior flexibilidade dos gastos públicos.
Sputnik

Segundo uma reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, o foco do presidente seriam obras públicas e benefícios sociais.

Segundo relatos de assessores de Bolsonaro ao jornal, Guedes adotaria uma postura rígida quando o pedido de aumento de gastos é feito por integrantes do governo.

A discussão ganha corpo em razão da lei do teto de gastos, que impõe limites ao aumento das despesas à inflação do ano anterior.

Segundo a mais recente pesquisa Datafolha, Bolsonaro apresentou a melhor avaliação de governo desde o início do mandato. O levantamento mostrou que 37% dos brasileiros consideram seu governo ótimo ou bom, ante 32% da pesquisa anterior, feita em junho. ​

Em entrevista à Sputnik Brasil, o economista Gilberto Braga, professor da Fundação Dom Cabral e do Ibmec-RJ, atribui o aumento da popularidade de Bolsonaro ao pagamento do auxílio emergencial durante a pandemia da COVID-19.

"Existe uma questão muito séria que precisa ser colocada. A primeira delas é que as pesquisas de opinião levaram a uma aprovação do presidente Jair Bolsonaro como nunca ele conseguiu obter ao longo do seu mandato até o presente. Isso determina, por exemplo, que boa parte desse crescimento nessa popularidade advém do pagamento da ajuda emergencial às pessoas em situação de risco social por conta da COVID-19", analisa.

Segundo Braga, Bolsonaro conseguiu expandir seu apoio para além da sua base.

"Além dos chamados bolsonaristas, que são seus apoiadores incondicionais, ele avança dentro da classe média e dentro da classe baixa e com pessoas que não necessariamente foram seus eleitores. [...] Isso alavanca suas possibilidades de reeleição e certamente coloca muita pressão e debate sobre a continuidade dessa ajuda", afirmou.

Gilberto Braga defende que o auxílio emergencial seja pago de forma regressiva.

"Eu e uma boa parcela dos economistas defendemos que ela tem que continuar de maneira regressiva, ou seja, que ela vai sendo zerada dentro de um determinado horizonte, sem se descartar que ela possa continuar através de uma reformulação do Bolsa Família e de outros programas reunidos dentro do chamado Bolsa Brasil que seria um novo programa do governo Bolsonaro", disse.

O economista prevê para as próximas semanas um acirramento do debate entre aqueles que defendem o aumento nos gastos público e outros que defendem um maior controle das despesas públicas.

"É um jogo que ainda não se sabe quem vai ganhar. Se haverá por um lado a vitória dos que pretendem gastar mais, jogando para escanteio definitivamente o equilíbrio fiscal, ou se por outro lado a defesa ferrenha desse equilíbrio fiscal, que tem grande apoio do empresariado e de parte da sociedade civil, no sentido de conter a despesa pública, de buscar eficiência. [...] Todas essas questões serão bastante ferrenhamente debatidas nos próximos dias", completou.

A IFI (Instituição Fiscal Independente), órgão vinculado ao Senado, estima que o déficit no país fique em R$ 877 bilhões em razão da pandemia.

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