Conforme publicou o site da revista Veja, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, declarou, durante palestra virtual na quarta-feira (19) para investidores do Bank of America, que o Brasil está em melhores condições do que outros países emergentes na recuperação econômica pós-pandemia.
Campos Neto, ainda segundo a revista, atribuiu a situação às medidas tanto do Banco Central quanto do Ministério da Economia, citando ações como a transferência direta de renda do auxílio emergencial e o impulso ao crédito para empresas.
Para Álvaro Bandeira, economista-chefe do Banco Digital Modalmais, a avaliação do presidente do Banco Central é correta, mas o problema da economia vem de antes da pandemia.
"Na minha opinião, o problema não está nos ajustes pós-crise. Lembramos que entramos mais desequilibrados nessa crise, com a relação dívida-PIB do Brasil em 75% - quando na de países emergentes o ideal era na faixa de 50% -, com a economia já começando a desacelerar e necessitando fazer grandes reformas e ajustes na economia. Consequentemente, vamos ter que mudar muita coisa de uma só vez no pós-crise, no pós-pandemia", afirma o economista em entrevista à Sputnik Brasil.
"A gente está longe da zona de conforto sugerida, muito embora as expectativas estejam melhorando. Como eu disse, vamos ter que ajustar o déficit primário, vamos ter que reduzir, privatizar empresas, colocar marcos regulatórios e muito mais, tudo isso de uma vez só", avalia o economista.
Brasil precisa de medidas para atrair investimentos, diz economista
As projeções de crescimento econômico para 2020 no Brasil são negativas. Segundo o mais recente relatório de mercado do Banco Central, Focus, publicado na segunda-feira (17), o PIB brasileiro deve registrar queda de 5,52% no final do ano.
A projeção do economista Álvaro Bandeira é ligeiramente mais otimista, e projeta retração de 5,2% no PIB brasileiro. O membro do Banco Digital Modalmais, aponta, porém, que espera melhoras nos dois últimos trimestres de 2020, mas reforça a necessidade de mudanças e reformas para garantir o crescimento após esse período.
"O governo, na minha visão, tem que endereçar claramente o que fará no pós-crise para atrair investimentos. O Brasil precisa fazer muitos investimentos. A relação investimento-PIB é muito baixa, a gente precisa melhorar isso tudo, e só será possível fazendo esses ajustes na economia", aponta o economista.