Como recuperação econômica da China pode ajudar a tirar o mundo da recessão?

Especialistas dos EUA e Alemanha apontam que o país asiático será o único entre as grandes economias a crescer em 2020, superando fortemente o crescimento econômico dos EUA e da zona do euro.
Sputnik

À medida que a China consegue conter a propagação do novo coronavírus e inicia o caminho da recuperação econômica, muitas empresas dos EUA estão ajustando suas previsões de crescimento na China em 2020.

"A melhor escolha para ambas as partes em prol do mantimento da estabilidade das relações comerciais sino-americanas será se as empresas americanas na China, entendendo as perspectivas do mercado chinês, continuarem operando, apesar do desejo do governo americano de se separar", ponderou Xu Xuemei, funcionário da Divisão de Economia Mundial do Instituto de Pesquisa e do Desenvolvimento de Assuntos Internacionais da China, à Sputnik China.

A holding financeira J.P. Morgan elevou recentemente sua previsão de crescimento para a China para 2,5%, depois de ter anunciado 1,3% em abril. Economistas do Banco Mundial e de outras organizações também começaram a fazer previsões mais otimistas para a China. Como o jornal Wall Street Journal (WSJ) observa, muitos especialistas norte-americanos acreditam que a China será a única grande economia do mundo em crescimento.

A Marriott International Inc., Tesla Inc., Starbucks Corp. e muitas outras empresas já estão vendo crescimento de receita na China, ao mesmo tempo que veem suas empresas em queda em outras regiões. Por exemplo, a Reuters citou a Marriott prevendo que a ocupação hoteleira na China atingiria 60% em agosto, o que não é muito inferior ao valor no segundo trimestre em 2019, de 70%.

Como recuperação econômica da China pode ajudar a tirar o mundo da recessão?

"O PIB da China ultrapassou US$ 10 mil [R$ 56.009] per capita e continuará crescendo. [Ao mesmo tempo], tem mais de 400 milhões de pessoas com renda média. Todos estes são indicadores do enorme potencial do mercado chinês. Além disso, a China está constantemente expandindo sua abertura e convidando outros países a tirar proveito de seus frutos", disse Xu Xuemei, explicando por que a dependência das empresas norte-americanas do mercado chinês só vai crescer.

Economias comparadas

O Banco Mundial estima que neste ano, no contexto de medidas restritivas associadas ao coronavírus, o PIB dos EUA diminuirá 6,1% em comparação com o ano passado, o mesmo valor que no Japão. A economia da zona do euro sofrerá uma perda de 9,1%.

Estas previsões não são as únicas que sugerem que a posição econômica da China pode se fortalecer no cenário mundial em meio a uma pandemia. Citando analistas do Deutsche Bank, o WSJ observa que antes do coronavírus foi projetado que, entre 2019 e 2023, o crescimento do PIB da China seria de cerca de 26%, e o crescimento do PIB dos Estados Unidos totalizaria 8,5%.

Após levar em conta as consequências da pandemia, o banco alemão espera que o crescimento do PIB da China diminua insignificantemente, para 24%, e o crescimento do PIB dos Estados Unidos em mais da metade, para 3,9% neste período. Além disso, foi projetado inicialmente que a China superaria a zona do euro em 5,1 pontos percentuais neste ano em termos de crescimento do PIB. Agora esta lacuna pode ser dobrada.

"O PIB da China em 2019 era de 99,086 trilhões de yuanes [R$ 80,55 trilhões, na conversão atual], enquanto o PIB dos EUA era de US$ 21,43 trilhões [R$ 120 trilhões, na conversão atual]. Após o fim da pandemia, a China tem uma chance de alcançar os Estados Unidos nos indicadores econômicos agregados", teoriza.

"Primeiro, isto se deve ao fato de que a China ganhou uma vantagem quando saiu da epidemia pela primeira vez. Agora muitos analistas dizem que a China será a única grande economia a crescer neste ano."

Xuemei contrasta o fato com os EUA, que têm um panorama econômico incerto por ainda não terem encontrado um equilíbrio entre o controle do vírus e o reinício da economia.

"Em segundo lugar, o período após a epidemia na China cai justamente no início do 14º plano quinquenal, bem como no fim do primeiro plano centenário e o início do segundo."

"Se a China continuar seu desenvolvimento qualitativo e continuar promovendo sua estratégia de dupla circulação, é viável reduzir a brecha econômica com os EUA", defende.

O ambiente e oportunidades mais positivos na China, bem como uma maior abertura, como a Lei de Investimento Estrangeiro que entrou em vigor em 1º de janeiro de 2020, e tornou mais fácil para as empresas estrangeiras fazer negócios na China, podem tornar o comércio e a cooperação econômica medidas necessárias para superar as perdas econômicas mundiais, inclusive durante um período de tensão geopolítica.

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