EXÉRCITO 2020: startup de criptografia brasileira faz sua estreia internacional na Rússia

A startup de criptografia e segurança cibernética brasileira faz sua estreia internacional em Moscou, após receber aporte de R$ 20 milhões do Fundo Aeroespacial brasileiro.
Sputnik

Entre os dias 23 e 29 de agosto, a empresa brasileira Kryptus participou do Fórum Internacional Técnico-Militar EXÉRCITO 2020, nos arredores de Moscou.

A empresa de criptografia e cibersegurança, criada em 2003 por estudantes da UNICAMP, se tornou a menina dos olhos dos investidores da área de Defesa, por prover tecnologia nacional para áreas sensíveis, como processamento de dados e segurança da informação.

Certificada pelo Ministério da Defesa do Brasil com o selo EED (Empresa Estratégica de Defesa), a Kryptus tem acesso prioritário a contratos com o setor público.

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Com esse selo de confiança, o portfólio de clientes da empresa conta com instituições como a Agência de Inteligência brasileira (ABIN), o Ministério das Relações Exteriores, o Tribunal Superior Eleitoral e a Receita Federal. 

Em julho de 2020, a Kryptus foi escolhida para receber aporte de R$ 20 milhões do Fundo de Investimento em Participações (FIP) Aeroespacial, formado por gigantes como a Embraer e o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento).

"Com esse investimento, o objetivo da Kryptus é se expandir internacionalmente", contou o diretor da empresa para Europa, África e Oriente Médio (EMEA), Thierry Martin, à Sputnik Brasil.

"Queremos atender de imediato aos mercados do EMEA, mas também à Eurásia", disse Martin.

Com forte vocação internacional, o fórum EXÉRCITO 2020 foi escolhido pela empresa para dar o pontapé inicial na sua estratégia de internacionalização.

"O primeiro evento para apresentar a Kryptus para o mundo está sendo aqui", afirmou. "Estamos dando início a um esforço sustentado para ter uma presença internacional."

No entanto, o foco da Kryptus não é necessariamente fornecer produtos para potências militares como a Rússia.

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"O que nos trouxe aqui é o caráter internacional dessa feira, mais do que necessariamente a base russa", notou Martin.

"Grandes países, como a Rússia e o Brasil, tendem a desenvolver suas soluções nacionais [...] Nosso foco são países menores, que não têm capacidade de desenvolver essa indústria nacionalmente", explicou o diretor.

Defesa

Apesar de ter expandido sua atuação para clientes do setor privado, a Kryptus tem vocação para atuar em projetos do setor público.

"Desenvolvemos muitos projetos sob demanda para as Forças Armadas e o governo brasileiro", disse Martin.

"Agora estamos desenvolvendo um sistema de radar IFF, Identification Friend or Foe [identificação de amigo ou inimigo]", contou.

Versões mais avançadas do sistema IFF, que "permite que o radar identifique se um avião é amigo ou inimigo [...] depende de um algoritmo" específico.

"Esse sistema foi originalmente produzido pela OTAN e quem gerencia as chaves de encriptação é a NSA [Agência de Segurança Nacional] dos EUA", disse Martin. "Para o Brasil, isso não era aceitável. Vai contra a soberania."

"Por isso a Kryptus está desenvolvendo agora essa solução para integrar nos [caças] Gripen", para futuramente instalar "em toda a embarcação aérea militar brasileira".

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"Isso é representativo do que a Kryptus tem feito para o Brasil, que é a manutenção da soberania: não depender de tecnologias ou geração de chaves de encriptação ou controle estrangeiro", concluiu Martin.

O Brasil levou ao EXÉRCITO 2020 uma delegação de alto nível, com membros do Ministério da Defesa, Itamaraty e setor privado para promover produtos da indústria de defesa do país.

A exposição EXÉRCITO 2020, realizada entre os dias 23 e 29 de agosto nos subúrbios de Moscou, apresentou mais de 730 armamentos e equipamentos militares russos ao público e contou com estandes de 28 mil empresas do ramo e representantes de mais de 70 países.

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