Aumento de gastos com Defesa busca cobrir reajuste de salários de militares, diz analista

O aumento da fatia do Ministério da Defesa no orçamento federal está ligado ao reajuste nos rendimentos dos militares concedido pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido), afirma especialista.
Sputnik

O Palácio do Planalto entregou nesta semana a Lei Orçamentária Anual (LOA), a proposta de Bolsonaro de quanto e onde gastar. Agora, a LOA precisa tramitar pela Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização, formada de maneira conjunta por deputados federais e senadores, e depois ser votada pelo Congresso Nacional. Por fim, o Poder Executivo precisa sancionar o orçamento aprovado pelo Legislativo, para que os recursos sejam liberados. 

Versões preliminares do orçamento previam um gasto maior na Defesa do que na Educação, mas a ideia foi abandonada, informa o G1. Uma alteração que foi mantida, contudo, é a previsão de triplicar a verba publicitária em 2021. De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, Bolsonaro quer reservar R$ 495,5 milhões do orçamento de 2021 para a publicidade estatal. Em 2020, foram reservados R$ 124,5 milhões para investir em publicidade. 

O orçamento total do Ministério da Defesa, R$ 114,949 bilhões em 2020, deve saltar para R$ 116,127 bilhões em 2021. Em entrevista à Sputnik Brasil, o especialista em assuntos militares e em relações internacionais Pedro Paulo Rezende avalia que seria "inviável" qualquer atividade para além do pagamento de salários caso não houvesse o reajuste. 

Aumento de gastos com Defesa busca cobrir reajuste de salários de militares, diz analista
"O aumento do orçamento do Ministério da Defesa está relacionado ao aumento dos vencimentos dos militares, que chegou a 24%. Se não houvesse esse reajuste destinado ao Ministério da Defesa, o Ministério da Defesa ficaria completamente comprometido apenas com a rubrica de pessoal", diz Rezende. 

O analista cita dois projetos da área de Defesa que devem consumir quantias elevadas nos próximos anos: o programa de submarinos (R$ 65 bilhões) e o programa de desenvolvimento de caças Gripen (entre R$ 27 bilhões e 37 bilhões).

"Os principais programas continuarão a ser favorecidos. A partir de 2022, começam os dispêndios reais nas quatro fragatas da classe Tamandaré, é um programa no valor de US$ 1,8 bilhão (cerca de R$ 9,6 bilhões na cotação desta quarta-feira, 2 de setembro) que prevê aquisição de equipamentos e a capacitação de um estaleiro, o Oceana, em Santa Catarina, para a fabricação de navios de combate."

De acordo com a Agência Senado, o Orçamento do Ministério da Saúde de 2021 deve encolher R$ 39 bilhões na comparação com 2020.

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