O rádio-observatório ALMA, no Chile, e o telescópio VLT do Observatório Europeu do Sul ajudaram uma equipe internacional a detalhar uma configuração de disco de formação planetária pouco comum em um sistema, localizado na constelação Orion, segundo um comunicado do ALMA.
O sistema, localizado a 1.300 anos-luz do Sistema Solar, consiste em duas estrelas, orbitando uma em torno da outra a uma distância de aproximadamente uma unidade astronômica (a distância média entre a Terra e o Sol), com uma terceira estrela orbitando as outras duas em uma órbita desalinhada a uma distância de oito unidades astronômicas, e é conhecido desde 1949.
Os discos protoplanetários, como o nome sugere, são o material a partir do qual se formam os planetas em torno de uma estrela, explica o portal Science Alert. A estrela necessita primeiro se formar e crescer em um viveiro estelar. Depois um nó de material em uma nuvem protoestelar colapsa gravitacionalmente, e começa a girar, criando, assim, um disco gigante de gás e poeira, que se alimenta da estrela em crescimento.
Quando este processo de formação é concluído, o material restante do disco começa a se aglomerar, e eventualmente forma planetas e outros corpos menores. É por isso que, em sistemas planetários como nosso Sistema Solar, os planetas e cinturões de asteroides são alinhados de forma mais ou menos plana, contornando a linha do equador da estrela.
Ao redor de sistemas de múltiplas estrelas, no entanto, o plano planetário é muitas vezes desalinhado com as órbitas de suas estrelas. O estudo dos discos protoplanetários ao redor de sistemas de múltiplas estrelas pode nos ajudar a entender como este desalinhamento acontece.
Os três anéis possuem uma gigante nuvem protoplanetária de poeira e gás, com os anéis a distâncias de 46, 185 e 340 unidades astronômicas a partir do centro do sistema. O último anel é o maior já encontrado. Em comparação, a distância média entre Plutão e o Sol é de 39,5 unidades astronômicas.
Descobertas realizadas
"Em nossas imagens, vemos a sombra do anel interno no disco externo", disse o astrônomo Stefan Kraus, da Universidade de Exeter, Reino Unido, uma descoberta anteriormente observada pelo ALMA em 2017.
Kraus e sua equipe realizaram simulações computadorizadas em 3D do GW Orion, chegando à conclusão de que as influências gravitacionais conflitantes das estrelas ao longo de diferentes planos foram capazes de produzir o pronunciado rasgo de disco no sistema.
No entanto, a astrônoma Nienke van der Marel, da Universidade de Victoria, Austrália, cuja equipe é liderada por Jiaqing Bi, crê que deve haver outro fator que leva ao fenômeno.
"Pensamos que a presença de um planeta entre estes anéis é necessária para explicar por que o disco foi rasgado. Este planeta provavelmente esculpiu uma fenda de poeira e quebrou o disco onde estavam os anéis internos e externos atuais."
Os estudo foi publicado nas revista The Astrophysical Journal Letters e também na Science.