Alemanha pode fornecer dados de Navalny à Rússia, mas admite demorar um tempo

Figura importante da oposição russa, Aleksei Navalny está atualmente em tratamento no hospital Charité em Berlim, Alemanha, após sofrer uma condição médica aguda na Rússia, no final de agosto.
Sputnik

Berlim pode transferir informações sobre o caso do russo Aleksei Navalny, principal opositor político de Vladimir Putin, para Moscou, mas é um longo processo, pois novos dados continuam aparecendo, afirmou no domingo (6) Heiko Maas, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, em resposta ao pedido da Procuradoria Geral da Rússia sobre Navalny.

"Concordamos com este pedido de assistência jurídica enviado pela Rússia. Isto significa que as informações que estão sendo solicitadas podem ser emitidas por nosso lado. Mas este é um processo, já que estão sendo constantemente recebidos novos dados, [e] Navalny continua sendo tratado. [Ele] está sendo verificado quanto [à quantidade de] veneno que permanece em seu corpo ou já sendo excretado", explicou Maas.

O ministro acrescentou que o processo de consideração estava sendo realizado por vários departamentos.

"Ainda é necessário esclarecer este [pedido] com os trabalhadores médicos do Charité, com aqueles que examinaram as amostras. Nos resultados da pesquisa há dados pessoais, cuja permissão [de transferência] deve ser concedida por aqueles a quem pertencem. Portanto, existem inúmeros níveis [burocráticos], mas em relação ao que nos preocupa, demos todos os acordos sobre o que é necessário para implementar este processo", acrescentou Maas.

Segundo relatou na segunda-feira (7) à Sputnik o hospital Charité, não há novas informações sobre o estado de saúde de Navalny, e não está agendado nenhum anúncio sobre o caso nos próximos dias. O hospital também se recusou a revelar se as regras de trabalho mudaram depois que Berlim confirmou o envenenamento do opositor pela substância tóxica Novichok.

Heiko Maas disse no sábado (5) que Berlim espera que Moscou aja em relação ao suposto envenenamento de Navalny o mais rápido possível, acrescentando que a Alemanha coordenará uma resposta com seus parceiros no caso de a Rússia não investigar. Maas assumiu que havia muitas indicações de que a Rússia estava por trás do incidente com a figura da oposição.

No domingo (6), a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, declarou que Moscou está aberta ao diálogo com Berlim a respeito da situação em torno de Aleksei Navalny. Zakharova também lembrou que em 27 de agosto Moscou enviou um pedido do Ministério Público russo para trocar informações sobre a situação do opositor, e estava aguardando uma resposta de Berlim.

Influência no Nord Stream 2

Annegret Kramp-Karrenbauer, a ministra da Defesa alemã, afirmou no domingo (6) que a possibilidade de sanções contra o projeto do gasoduto Nord Stream 2 (Corrente do Norte 2) dependerá de como Moscou reagirá à situação com o opositor, e que a cooperação da Rússia determinará a resposta da Alemanha.

Alemanha pode fornecer dados de Navalny à Rússia, mas admite demorar um tempo

A ministra também admitiu não estar muito entusiasmada com o projeto, que uniu a Gazprom russa e numerosos gigantes europeus da energia, inclusive da Alemanha.

"Eu sempre disse que não gosto muito do projeto Nord Stream 2. Para mim, sempre foi claro que os interesses de segurança dos Estados do Leste Europeu e da Ucrânia devem ser levados em consideração", garantiu Kramp-Karrenbauer.

Que aconteceu com Navalny?

Em 20 de agosto, o político russo da oposição passou mal durante um voo doméstico da cidade siberiana de Tomsk para Moscou. Ele foi inicialmente tratado na cidade de Omsk, onde o avião fez um pouso de emergência. Dois dias depois, quando os médicos determinaram que ele estava apto para o transporte aéreo internacional, Navalny foi levado de avião para o hospital Charité, em Berlim, para tratamento adicional.

Os médicos alemães inicialmente afirmaram que encontraram vestígios de uma substância do grupo de inibidores de colinesterase em seu sistema, antes de declarar um envenenamento pela substância tóxica Novichok. Moscou respondeu apontando a falta de provas nas alegações de Berlim, e observando que os médicos russos não haviam encontrado substâncias tóxicas em Navalny.

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