"Sim, as economias desaceleraram devido à COVID-19, mas o aquecimento de nosso planeta não diminuiu", disse António Guterres em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (9).
O secretário-geral divulgou novo relatório da Organização Meteorológica Mundial sobre o impacto das mudanças climáticas.
Guterres afirmou que a última vez que a concentração dos gases causadores do efeito estufa atingiram o nível atual foi entre 2,6 e 5,3 milhões de anos atrás, quando árvores estavam crescendo no Polo Sul e o nível dos oceanos era 20 metros mais alto.
Em função dos efeitos do efeito estufa, em apenas um ano o planeta atingirá seu período mais quente já registrado, com temperaturas globais médias chegando a 1,1 grau acima dos níveis pré-industriais, disse o secretário-geral.
ONU cobra ação de maiores emissores
Por outro lado, Guterres afirmou que para reverter o quadro era preciso que os maiores poluidores, China, União Europeia, Índia, Japão, Rússia e Estados Unidos, comprometam-se a diminuir as emissões até 2030 e a neutralizá-las até 2050.
"Quer estejamos enfrentando a pandemia ou a crise climática, está claro que precisamos de ciência, solidariedade e soluções decisivas", disse, segundo a agência Reuters.
O chefe da Organização Mundial de Meteorologia, Petteri Taalas, por sua vez, disse que a queda nas emissões em função da recessão causada pelo coronavírus não mudou o "quadro geral".
"Continuamos a ver recordes na concentração atmosférica de dióxido de carbono", disse o cientista.
As emissões diárias caíram 17% em abril em relação a 2019, mas mantiveram-se no mesmo nível registrado em 2006. Além disso, com a reabertura das indústrias, em junho as emissões ficaram a apenas 5% do registrado em 2019.