Júpiter é conhecido por sua atmosfera tempestuosa. Desde que a sonda Juno atingiu sua órbita em julho de 2016, os cientistas tiveram acesso a informações e imagens que os ajudam a entender melhor o que está por trás do clima intenso deste gigante gasoso.
Mas além de fornecer respostas, Juno criou muitas novas questões. Os dados permitiram ver os polos de Júpiter de perto pela primeira vez, revelando um fenômeno que até agora não tinha explicação, escreve o portal Science Alert.
Tempestades distribuídas em perfeita forma poligonal em Júpiter são encontradas nos polos norte e sul do planeta gasoso cercando uma tempestade localizada no centro.
No polo norte de Júpiter há nove ciclones: um no centro e oito distribuídos ordenadamente em torno dele, com todos girando no sentido anti-horário.
No polo sul, Juno registrou seis tempestades em 2016: uma no centro e cinco ao seu redor. Em 2019, um sétimo ciclone se juntou ao grupo e agora as seis tempestades externas cercam a central em forma hexagonal. Ao contrário das do polo norte, elas se movem no sentido horário.
Desde que foram observadas pela primeira vez em 2016, estas enormes tempestades, equivalentes em área aos EUA, têm mantido sua forma. Um novo estudo tentou descobrir por que elas ainda não se fundiram.
Com a ajuda de simulações numéricas de ciclones, os astrônomos da Universidade da Califórnia em Berkeley, EUA, conseguiram encontrar duas condições sob as quais as tempestades podem permanecer estáveis por longos períodos de tempo sem se tornarem uma única tempestade gigante.
A primeira é a profundidade do ciclone, ou seja, até onde ele chega na atmosfera do planeta gasoso. Se fosse muito raso, as tempestades se fundiriam.
Mas o principal fator responsável pela forma dos ciclones de Júpiter é um fenômeno conhecido como blindagem de vórtice. Assim, os vórtices, ou ciclones de Júpiter, são rodeados por um anel que se move na direção oposta à sua própria.
"Se este escudo for muito fraco, as tempestades se fundirão. Se for muito poderosa, a tempestade e sua blindagem se separariam uma da outra, resultando em uma confusão de tempestades", detalhou o portal Science Alert sobre o estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
Tal significa que, para manter seu formato, tanto a profundidade dos ciclones quanto a força de sua blindagem de vórtice devem ser as corretas, concluiu o estudo.
Os cientistas, no entanto, ainda têm muitas perguntas sem resposta, pelo que estarão investigando o assunto mais a fundo.
"Não exploramos como os ciclones se formam, se se formam localmente ou se derivam para cima a partir de latitudes mais baixas. Além disso, não explicamos como é mantido o estado estável, ou seja, por que razão o número de ciclones não aumenta com o tempo. Além disso, não determinamos como a blindagem se desenvolve, ou por que somente os vórtices jovianos [de planetas gigantes gasosos] estão protegidos", explicaram os autores do estudo.