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Capacidade do Brasil de retaliar Alemanha é 'muito limitada', afirma especialista

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, afirmou na última terça-feira (22) que o Brasil poderia retaliar países que adotem políticas de boicote a produtos brasileiros por motivos ambientais.
Sputnik

O comentário é uma resposta à pressão exercida contra o Brasil por oito países europeus, que, através de uma carta aberta ao vice-presidente Hamilton Mourão na semana passada, cobraram "ações reais" para combater o crescente desmatamento da Floresta Amazônica.

Em particular, o general Heleno afirmou que a Alemanha é um país "que valia a pena" retaliar, devido ao consumo de produtos alemães pelo Brasil.

O professor de Relações Internacionais e fundador e diretor da empresa de consultoria política Dharma, Creomar de Souza, em entrevista à Sputnik Brasil, afirmou que a declaração do ministro deve ser vista dentro de uma perspectiva política "daquilo que um membro do governo faz pra mostrar força, coragem ou relevância".

"Se nós olharmos os dados da balança comercial entre Brasil e Alemanha, nós veremos que o Brasil é muito mais dependente da Alemanha do que o contrário, e isso acaba gerando uma série de dificuldades para a realização desse tipo de ação. Essa capacidade real de retaliar a Alemanha tem que ser colocada dentro de uma perspectiva política", argumentou o especialista.

Ele afirmou que algum tipo de retaliação poderia ser realizado no campo diplomático, mas disse não acreditar que o Brasil faça algo como retirar diplomatas ou fazer uma nota de repúdio.

"Efetivamente, em âmbito concreto, a capacidade de retaliação é bastante limitada [...] É preciso entender que é do jogo político os atores terem esse tipo de declaração de efeito para tentar alegrar suas bases e mostrar que têm força de uma maneira muito bem consolidada", afirmou.

De acordo com ele, "não é desejável para o Brasil, em um período de pandemia com tantas dificuldades, se envolver em algum tipo de problema, de confronto, com um país de uma economia de larga escala como a Alemanha". "Ao fim do dia, os dois [países] perderiam. Não é algo desejável", completou.

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