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Novo embaixador do Brasil nos EUA está alinhado com 'ideias extremistas' de Trump e Bolsonaro

Após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desistir de indicar seu filho para o cargo, o Senado confirmou nesta semana Nestor Forster como novo embaixador do Brasil nos Estados Unidos. 
Sputnik

A representação diplomática brasileira em Washington estava sem embaixador desde o ano passado, quando o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) foi ventilado para o cargo. Ele acompanhou seu pai em visita à Casa Branca, mas acabou desistindo da diplomacia diante da pressão do Congresso.

Forster, por sua vez, é diplomata de carreira e trabalha na embaixada brasileira nos Estados Unidos desde a década de 1990. Antes de ser oficializado como embaixador pelo Senado, ele ocupava o cargo de encarregado de Negócios da mesma embaixada.

Para o professor de relações internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Williams Gonçalves, o nome de Eduardo Bolsonaro foi abandonado por conta da "óbvia falta de credenciais" do congressista e Forster está alinhado ao "contexto ideológico" de Bolsonaro e do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O novo embaixador "tem um bom relacionamento com o senhor Olavo de Carvalho, que é uma espécie de guru, mentor intelectual do presidente Jair Bolsonaro, portanto ele está perfeitamente entrosado nesse ambiente", diz o professor da UERJ à Sputnik Brasil. 

Bolsonaro, que já afirmou que Trump é seu "noivo", pode ficar sem o seu cônjuge na Casa Branca caso o democrata Joe Biden vença as eleições presidenciais de 3 de novembro. Caso o mandatário republicano não consiga ser reeleito, Gonçalves acredita que a relação entre Brasil e Estados Unidos precisará ser "completamente revista", mas a situação poderá ser contornada pelo novo embaixador. 

"Embora seja um homem ideologicamente identificado com as ideias extremistas e radicais de Jair Bolsonaro e Donald Trump, é um diplomata de carreira e espera-se dele profissionalismo", diz Gonçalves.

Novo embaixador do Brasil nos EUA está alinhado com 'ideias extremistas' de Trump e Bolsonaro

Alinhamento e Vietnã

O professor da UERJ avalia que o Brasil vive hoje um cenário de "isolamento" da comunidade internacional e de uma subordinação inédita dos interesses brasileiros a Washington. Como exemplo, o estudioso relembra que durante a ditadura civil-militar (1964-1985) também houve uma aproximação e afinidade ideológica entre os dois países, mas o Brasil resistiu à pressão dos Estados Unidos e não aceitou enviar soldados brasileiros para a Guerra do Vietnã.

"O que nós assistimos hoje é um alinhamento sem limites, um alinhamento que extravasa, extrapola a boa conduta diplomática, nós estamos assistindo um relacionamento que é estranho, mesmo, estranho à tradição diplomática brasileira, mas estranho também ao relacionamento entre os Estados. Não faz muito sentido conceder vantagens aos Estados Unidos sem qualquer espécie de contrapartida. Uma concessão pura e simples", afirma.
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