No início deste mês, pesquisadores descobriram vestígios de fosfina nas nuvens de Vênus, uma molécula que apenas existe na Terra como um subproduto da vida. Suspeita-se que a fosfina tenha chegado lá do nosso planeta. Uma pesquisa do Departamento de Astronomia da Universidade de Harvard sugere a possibilidade de asteroides – cerca de 600 mil, que passaram pela atmosfera terrestre, terem arrastado micróbios para Vênus.
"Apesar da abundância de vida na atmosfera da Terra ser desconhecida, estes corpos [asteroides] podem ter sido capazes de transferir vida microbial da Terra para Vênus", escreveram os cientistas Amir Siraj e Abraham Loeb no abstrato do estudo publicado no portal arxiv.org. "Como resultado, a possível origem de vida em Vênus seria, fundamentalmente, indistinguível da terrestre."
Apesar de o estudo ainda não ter sido revisado, já é possível conferi-lo. No estudo, Siraj e Loeb apoiam a teoria da ocorrência de panspermia, consistindo na hipótese de a vida de um planeta ter sido originada por microrganismos vindos do espaço, "saltando" de um planeta para outro. Houve sugestões de que a vida na Terra teria também começado assim. Em outras teorias, é sugerido que a vida possa ter surgido de cometas e asteroides.
Ainda dentro da teoria de panspermia, estudos passados e mais recentes têm discutido a possibilidade de cometas terem trazido para a Terra o "elemento essencial" para a vida. Em 2019, a NASA encontrou moléculas de açúcar em dois meteoritos diferentes, adicionando credibilidade à ideia de que os asteroides desempenham um papel crucial em suportar a vida. No entanto, são necessários mais estudos e pesquisas para provar a veracidade da teoria utilizada no estudo de Siraj e Loeb.
Vênus, também chamado de "gêmeo demoníaco da Terra", tem um clima muito brusco, dono de temperatura superficial de aproximadamente 462 graus Celsius. Apesar de ser demasiado quente para suportar vida, a NASA recentemente reportou suas intenções de explorar o planeta. Em julho, pesquisadores revelaram que Vênus possui quase 40 vulcões ativos na sua superfície. Nesse mesmo mês, vários pesquisadores argumentaram que explorar o segundo planeta do Sistema Solar poderia trazer benefícios para uma possível missão humana em Marte.