O novo diretor, que é coordenador-geral de Ciências Espaciais e Atmosféricas do instituto, substituirá Darcton Policarpo Damião, um militar nomeado interinamente em agosto de 2019, depois que o físico Ricardo Galvão foi exonerado por reagir a críticas do presidente Jair Bolsonaro, que acusou o INPE de mentir sobre os dados de desmatamento da Amazônia.
O nome de Clezio foi escolhido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTIC) a partir de uma lista tríplice definida por um comitê de busca independente, para a qual havia nove candidatos, entre eles Darcton, que agora ocupará o cargo de assessor especial do ministério. O governo não divulgou os nomes que compuseram a lista tríplice.
O novo responsável é engenheiro eletricista formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), doutor em Geofísica Espacial e atua no INPE desde 1997.
Ele assume um mandato de quatro anos em um momento no qual o instituto está em rota de colisão com o governo federal por causa dos dados de queimadas e desmatamento na Amazônia e no Pantanal.
Em entrevista no dia 15 de setembro, o vice-presidente Hamilton Mourão disse que havia "alguém" dentro do instituto fazendo "oposição" ao governo ao priorizar a divulgação de dados negativos, apesar de as informações serem públicas e acessíveis pela internet. Dias depois, o general da reserva pediu cuidado com a interpretação dos números divulgados pelos satélites de referência utilizados pelo INPE.
"As imagens acusam todos os focos de calor, o que não significa incêndio, pois qualquer área com temperatura acima de 47º - uma fogueira por exemplo – é assim identificada. Além disso, como consta no site do instituto, é comum uma mesma queimada ser detectada por vários satélites. Os dados brutos também não distinguem as ilegais das legais, que são aquelas ocorridas dentro dos 20% de terra que, de acordo com nossa legislação, pode ser explorada no bioma Amazônia", afirmou Mourão em postagem no Twitter.
2020 já é o pior ano em número de focos de incêndio no Pantanal
De acordo com os dados consolidados divulgados ontem pelo INPE, um total de 18.259 pontos de fogo foram registrados no Pantanal entre 1º de janeiro e 30 de setembro deste ano, um recorde da série histórica desde que o instituto começou a fazer as medições em 1998.