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Ameaças internas: pesquisador avalia uso das Forças Armadas na Amazônia

Segundo professor de Relações Internacionais Ricardo Cabral, as capacidades das Forças Armadas na região amazônica devem ser ampliadas, mas para atender às necessidades internas do país.
Sputnik

Em reação às declarações do candidato pelo partido Democrata à presidência dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre a destruição na Amazônia, o presidente Jair Bolsonaro criticou o político e afirmou que as Forças Armadas brasileiras devem estar prontas para defender as florestas brasileiras. Segundo Bolsonaro, este seria um dos motivos do significativo aumento do orçamento na área de defesa.

Sputnik Brasil conversou sobre o tema com Ricardo Cabral, professor de Relações Internacionais, pesquisador da Escola de Guerra Naval e especialista em assuntos militares.

Para Cabral, a presença das Forças Armadas na Amazônia transcende o aspecto da segurança. A corporação atua no controle de depredação ambiental, bem como no apoio às populações locais, em um trabalho de extrema seriedade e longa data.

"A presença na Amazônia, em termos de segurança e de defesa, por outro lado, é muito esparsa. Está aquém das necessidades [...] Precisa de muito mais. Precisa de meios logísticos, que é a grande necessidade da área. Precisa de helicópteros, de aviões, barcos", explicou o professor.

Segundo o especialista, no entanto, não haveria uma necessidade urgente de ampliar as capacidades de defesa na região amazônica, por falta de uma imediata ameaça externa. Ele argumentou que as Forças Armadas precisam de mais estrutura para o trabalho que já vem sendo realizado na região. Em conjunto com a maior presença de outros representantes do Estado, como a Polícia Federal e órgãos de defesa do Meio Ambiente, a região poderia ser monitorada com mais precisão para buscar soluções para a maioria dos seus problemas, que seriam de caráter interno.

Todavia, Ricardo Cabral classificou as declarações de Joe Biden sobre Amazônia de "infelizes".

"Colocar um país estrangeiro num debate interno dos americanos, onde o foco deveria ser a política interna norte-americana, e colocar a atual política externa, é estranho. Acho que ele deveria se preocupar, já que está tão voltado para o meio ambiente, com a devastação que ocorre na Califórnia, por exemplo. A depredação do meio ambiente que ocorre, por exemplo, no Alasca e outros estados norte-americanos", disse Cabral.

O professor ponderou, no entanto, que a agenda ambiental deveria ter mais destaque no Brasil.

"Agenda ambiental é importante. É algo que deveríamos levar em conta para a preservação dos nossos recursos e sua melhor exploração", concluiu o especialista.
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