Uma equipe de cientistas liderada por Yinuo Han, da Universidade de Sidney, Austrália, confirma a existência e explica a física bizarra do sistema estelar binário Apep. Os resultados foram publicados na revista científica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society na segunda-feira (12).
Homenagem ao deus egípcio do caos, o sistema Apep está localizado a oito mil anos-luz de distância da Terra e consiste em duas estrelas, sendo uma delas Wolf-Rayet. Quentes e muito brilhantes, as Wolf-Rayet estão condenadas ao colapso iminente em uma explosão de supernova, deixando apenas um remanescente escuro, como um buraco negro.
As duas estrelas do sistema Apep têm cada uma de dez a 15 vezes mais massa do que nosso Sol e são mais de 100 mil vezes mais brilhantes.
Apenas um em 100 milhões de corpos celestes reúnem as características para pertencer a essa categoria. Elas são elegantes pares binários que, se as condições forem adequadas, são capazes de bombear enormes quantidades de pó de carbono impulsionadas por seus ventos estelares extremos.
Aluno de honra de Física na Universidade de Sydney, Yinuo Han passou seu tempo durante o lockdown da COVID-19 modelando precisamente o sistema estelar Apep. Dê uma olhada no resultado.
"Além da imagem impressionante, as coisas mais notáveis sobre este sistema estelar é a maneira como a expansão de sua bela espiral de poeira nos deixou totalmente perplexos […] A poeira parece ter vontade própria, flutuando muito mais devagar do que os ventos estelares extremos que deveriam estar conduzindo-a", afirma Han em comunicado.
Peculiaridades do sistema Apep
Com a ajuda do telescópio VLT do Observatório Europeu do Sul, a equipe de Han produziu pela primeira vez um modelo que corresponde à intrincada estrutura em espiral de poeira, revelando que a espiral está se expandindo a apenas um quarto da velocidade dos ventos estelares medidos, algo que os cientistas dizem ser inédito.
A principal teoria desenvolvida pela equipe para explicar esse comportamento bizarro torna Apep um forte candidato a produzir uma erupção de raios gama quando finalmente explodir, algo que nunca foi testemunhado na Via Láctea.
"Tem havido uma enxurrada de pesquisas sobre os sistemas estelares Wolf-Rayet: esses são realmente os pavões do mundo estelar. As descobertas sobre esses objetos elegantemente bonitos, mas potencialmente perigosos, estão causando um verdadeiro alvoroço na astronomia", comenta Joe Callingham, coautor do estudo.