'Sem efeitos adversos': ministro russo explica escolha de vacina baseada em adenovírus humano

Em agosto, a Rússia registrou a primeira vacina do mundo contra o coronavírus, muito elogiada por especialistas em saúde de todo o mundo e avaliada na renomada revista médica Lancet. Mais de 50 países manifestaram interesse em adquirir a vacina Sputnik V.
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O ministro da Indústria e Comércio da Rússia, Denis Manturov, revelou porque prefere uma vacina de coronavírus baseada em adenovírus humanos ao invés de uma vacina baseada em adenovírus de macaco.

Em entrevista à Bloomberg, Manturov afirmou que tomou a vacina russa Sputnik V antes do final dos testes da Fase três, pois não tem efeitos adversos no corpo, além de sintomas leves.

"Eu prefiro o adenovírus humano. Este método é bem conhecido e a fórmula está disponível para que todos os especialistas possam ter uma visão clara de como a vacina funciona e de seus benefícios, ou seja, não há efeitos adversos, exceto talvez sintomas leves durante nos primeiros dias. Tive um pouco de febre à noite, talvez por algumas horas. No dia seguinte, apenas dor de cabeça leve", disse Manturov.

Segundo o ministro, ele tomou a vacina ao levar em consideração a sua responsabilidade, pois ele é o encarregado pela produção das vacinas contra o coronavírus.

Manturov ressaltou ainda que a vacina o ajudou a proteger a si mesmo e às pessoas com quem trabalha. O ministro acrescentou que seu filho e sua mãe de 84 anos também decidiram tomar a vacina Sputnik V.

Como funciona a vacina da Rússia?

A vacina, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, e que permite aos indivíduos desenvolver imunidade contra o COVID-19 por até dois anos, é baseada no adenovírus, vírus que pode causar o resfriado comum.

Os cientistas primeiro o modificam, transformando-o no vetor adenoviral, que é inofensivo e incapaz de se reproduzir no corpo humano.

Depois disso, eles injetam o genoma SARS-CoV-2 no vetor adenoviral. Quando a vacina é administrada a um indivíduo, as células do corpo começam a produzir a proteína spike do coronavírus, levando o sistema imunológico a produzir anticorpos e ativar as células para destruir aquelas que foram infectadas com o coronavírus.

O que torna a vacina Sputnik V única é o fato de ser baseada em dois sorotipos de adenovírus humanos - número 5 (Ad5) e número 26 (Ad26).

Isso concede à ela uma clara vantagem sobre a abordagem de um vetor usada por outros desenvolvedores. O Sputnik V consiste em duas injeções administradas em um intervalo de três semanas.

O Sputnik V está agora concluindo seus testes de Fase três, conforme exigido pela Organização Mundial da Saúde.

Segundo Kirill Dmitriev, CEO do Fundo Russo de Investimentos Diretos (RFPI) - entidade que investiu no desenvolvimento da vacina -, 50 países já manifestaram interesse em adquirir a vacina.

O RDIF também recebeu solicitações de mais de 20 países para um total de um bilhão de doses de Sputnik V.

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