Pesquisadores do Departamento de Ciências da Saúde da Universidade de Arizona, EUA, estudaram a produção de anticorpos entre quase seis mil pessoas, que se recuperaram da doença respiratória, e descobriram que "a imunidade persiste por pelo menos vários meses após se infectar pelo SARS-CoV-2, o vírus que causa a COVID-19", disse um comunicado da universidade na segunda-feira (12).
Os 5.882 voluntários que participaram da pesquisa, publicada na terça-feira (13) na revista Immunity, foram submetidos a testes de anticorpos usando um teste de sangue desenvolvido pela instituição a partir de 30 de abril.
Os resultados sugerem que as pessoas que contraem o coronavírus podem potencialmente desenvolver uma imunidade duradoura a ele posteriormente.
"Vemos claramente que anticorpos de alta qualidade ainda estão sendo produzidos cinco a sete meses após a infecção pelo SARS-CoV-2", disse o pesquisador líder Deepta Bhattacharya, professor do Departamento de Imunobiologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Arizona – Tucson, informou a agência United Press International.
"Têm sido expressas muitas preocupações sobre a imunidade contra a COVID-19 não durar. Utilizamos este estudo para investigar essa questão e descobrimos que a imunidade é estável por pelo menos cinco meses."
Os pesquisadores descobriram que os anticorpos do SARS-CoV-2 estão presentes no sangue dos pacientes em níveis viáveis por pelo menos cinco a sete meses após a infecção, embora eles acreditem que a imunidade dura muito mais tempo.
"Quando um vírus infecta células pela primeira vez, o sistema imunológico implanta células plasmáticas de curta duração que produzem anticorpos para combater imediatamente o vírus", observou a declaração universitária.
"Esses anticorpos aparecem em testes de sangue em um espaço de 14 dias após a infecção. O segundo estágio da resposta imunológica é a criação de plasmócitos de vida longa, que produzem anticorpos de alta qualidade e proporcionadores de imunidade duradoura".
Ciência dos anticorpos
De acordo com os cientistas, o estudo serviu para defender a existência de anticorpos viáveis para se proteger contra a doença.
"Dito isto, sabemos que as pessoas que foram infectadas pelo primeiro coronavírus SARS, que é o vírus mais semelhante ao SARS-CoV-2, ainda estão recebendo imunidade 17 anos após a infecção", disse o coautor do estudo, dr. Michael Dake, vice-presidente sênior da Universidade de Ciências da Saúde do Arizona, informou a agência United Press International.
"Se o SARS-CoV-2 for algo parecido com o primeiro, esperamos que os anticorpos durem pelo menos dois anos, e seria improvável que durassem muito menos."
Na opinião de Bhattacharya e seus colegas, estudos anteriores avaliaram a produção de anticorpos no momento da infecção e sugeriram que os níveis de anticorpos caem rapidamente após a luta de um paciente com o coronavírus, fornecendo apenas imunidade a curto prazo.
No entanto, essas descobertas podem ter sido baseadas apenas em níveis de plasmócitos de curta duração, desconsiderando os efeitos dos plasmócitos de longa duração e os anticorpos de alta afinidade que eles produzem.
"A questão de os anticorpos proporcionarem proteção duradoura contra o SARS-CoV-2 tem sido uma das mais difíceis de responder", observou Dake.
"Esta pesquisa não só nos deu a capacidade de testar com precisão os anticorpos contra a COVID-19, mas também nos armou com o conhecimento de que a imunidade duradoura é uma realidade", conclui.