Após contar árvores de desertos de Saara e Sahel, cientistas revelam resultado surpreendente

A pesquisa foi conduzida nos desertos do Saara Ocidental e de Sahel, com utilização de inteligência artificial de aprendizagem profunda e dados de satélite.
Sputnik

Uma equipe de pesquisadores investigou as regiões dos desertos africanos de Saara Ocidental e Sahel, e descobriu algo inesperado: uma área semelhante em tamanho ao Peru tem cerca de 1,8 bilhão de árvores, relata a agência AFP.

Os cientistas utilizaram imagens de satélite e as combinaram com um programa de inteligência artificial de aprendizagem profunda para contar as árvores, mas, antes disso, Martin Brandt, professor de geografia da Universidade de Copenhage, Dinamarca, teve de contar e classificar ele próprio quase 90.000 árvores durante cerca de um ano.

"Ficamos muito surpresos por existirem tantas árvores crescendo no deserto do Saara", disse o autor principal do estudo, publicado na revista Nature.

Apesar de os desertos serem considerados vastas áreas monótonas, com pouca vida, Brandt indica que esses locais escondem uma grande heterogeneidade.

"Certamente há vastas áreas sem elas [árvores], mas ainda há algumas com alta densidade, e mesmo entre as dunas de areia há espécimes crescendo aqui e ali".

Após contar árvores de desertos de Saara e Sahel, cientistas revelam resultado surpreendente

O estudo foi baseado em dados concretos, em vez de estimativas e extrapolações. Se fosse feito pelos métodos tradicionais, o processamento poderia ter demorado milhões de dias de trabalho, ao invés do espaço de horas que levou a informação a ser computadorizada, referiu Brandt.

Estudo à lupa

Niall P. Hanan e Julius Anchang, do Departamento de Ciências Vegetais e Ambientais da Universidade Estadual do Novo México, EUA, revisaram o estudo na revista Nature e disseram que com os avanços técnicos "em breve será possível, com algumas limitações, mapear a localização e o tamanho de cada árvore", nos 65 milhões de quilômetros quadrados de regiões áridas ao redor do planeta.

"Para a preservação, restauração, mudança climática, etc., dados como estes são muito importantes para estabelecer uma linha de base", aponta em um comunicado Jesse Meyer, um programador do Centro de Voos Espaciais Goddard da NASA, que participou da pesquisa.

"Em um, dois ou dez anos, o estudo poderia ser repetido [...] para ver se os esforços para revitalizar e reduzir o desmatamento são eficazes ou não", disse.

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