Cientistas descobrem aumento na densidade do espaço fora do Sistema Solar

O vento do Sol emite prótons e elétrons relativamente densos no seu "território", que enfraquecem à medida que se afastam da estrela, mas as sondas espaciais Voyager começaram a detectar um aumento.
Sputnik

A densidade do espaço diminui à medida que se torna cada vez mais afastado do Sistema Solar, indica o portal Science Alert.

Lançada em 1977, a sonda espacial Voyager 2 tem voado fora do Sistema Solar nos últimos tempos e descobriu que a densidade do espaço está aumentando, confirmando os dados de 2013 de outra sonda que tem o Sistema Solar como destino, a Voyager 1.

Apesar do espaço ser em grande parte um vácuo, o vento supersônico de plasma ionizado constante do Sol emite uma densidade de prótons e elétrons de três a dez partículas por centímetro cúbico, que, no entanto, se torna mais baixa quanto mais se afastar do Sol, até 0,002 e 0,037 elétron por centímetro cúbico no meio interestelar e na heliosfera externa, respectivamente. A heliosfera é uma região periférica do Sol além da mais próxima do Sol, a heliobainha.

Neste momento, ambas as sondas estão na área da heliopausa, a terceira área mais periférica, onde o vento do Sol já não consegue realizar sua pressão em direção ao vento do espaço interestelar, escreveu o portal Science Alert.

Densidade imprevisível

A Voyager 1 relatou em 23 de outubro de 2013, a uma distância de 122,6 unidades astronômicas (UA), ou 18,3 bilhões de quilômetros da Terra, uma densidade de 0,055 elétron por centímetro cúbico, enquanto a Voyager 2 calculou os dados de 5 de novembro de 2018, a 119 UA, ou 17,8 bilhões de quilômetros da Terra, como uma densidade de 0,039 elétron por centímetro cúbico, ambas relatando um aumento na densidade espacial.

Cientistas descobrem aumento na densidade do espaço fora do Sistema Solar

No entanto, a Voyager 2 indicou um aumento maior, até 0,12 elétron por centímetro cúbico, em comparação a 0,13 elétron por centímetro cúbico da Voyager 1.

Os cientistas publicaram sua pesquisa na revista The Astrophysical Journal Letters e teorizam que as linhas do campo magnético interestelar se tornam mais fortes à medida que se arrastam sobre a heliopausa, o que poderia gerar uma instabilidade eletromagnética de íons cíclotron que esgotam o plasma da região de drenagem, especialmente com a Voyager 2 detectando um campo magnético mais forte do que o esperado quando atravessou a heliopausa.

"Outra teoria é que o material soprado pelo vento interestelar deve diminuir à medida que atinge a heliopausa, causando uma espécie de engarrafamento. Isto foi possivelmente detectado pela New Horizons, sonda externa do Sistema Solar, que em 2018 captou o fraco brilho ultravioleta resultante de uma acumulação de hidrogênio neutro na heliopausa", escreve Science Alert, apontando também a possibilidade de ambas as explicações terem um grão de verdade.

A Voyager 2 foi enviada para missões de observação a Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, e posteriormente deveria se dirigir para fora do Sistema Solar e enviar os dados que recebia, dando assim à humanidade um conhecimento sem precedentes sobre a natureza do espaço sideral.

A sonda deve continuar enviando dados até 2025, e possivelmente até um pouco depois. E continuará voando no espaço indefinidamente, salvo um acidente.

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