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Deputada acusada de mandar matar marido terá caso levado ao Conselho de Ética da Câmara

Flordelis dos Santos (PDS-RJ) pode perder mandato, mas ainda não há data para julgamento porque órgão está fechado por causa da pandemia.
Sputnik

Em reunião adiada de ontem (27) para a manhã de quarta-feira (28), a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados decidiu por unanimidade levar ao Conselho de Ética o caso da deputada Flordelis dos Santos (PSD-RJ), acusada de mandar matar o marido Anderson do Carmo no dia 26 de junho do ano passado. O pastor foi assassinado com mais de 30 tiros.

Embora ela negue a acusação feita pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, Flordelis é ré na Justiça e pode perder o mandato, informou o site G1. Como tem imunidade parlamentar, ela permanece em liberdade, mas é monitorada por tornozeleira eletrônica.

No encontro realizado na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), os cinco representantes de partidos aprovaram o relatório do corregedor da Câmara, o deputado Paulo Bengtson (PTB-BA) por unanimidade -  cinco votos a zero - e o texto vai seguir para o Conselho de Ética.

O problema, no momento, é que a pandemia do coronavírus interrompeu o funcionamento do órgão e não há data prevista para o julgamento. O funcionamento vai depender da aprovação pelo plenário de um projeto de resolução. Mas ainda não há data para essa votação. De acordo com Bengtson, os deputados costuram um acordo para aprovar este projeto e permitir o trabalho do Conselho de Ética de forma remota.

Bengtson concordou com a representação feita em agosto à Câmara pelo deputado Léo Motta (PSL-MG) em que os fatos "constituem indícios suficientes de irregularidades ou de infrações às normas de decoro e ética parlamentar".

"A deputada não apresentou as provas contrárias àquilo de que está sendo acusada e nós julgamos a quebra de decoro. Julgamos a admissibilidade do processo, o seguimento do processo para o Conselho de Ética, que vai fazer análise de que punições ela pode ter", afirmou o corregedor. "O relatório foi aprovado de forma unânime, será encaminhado, então, o caso da deputada Flordelis para a Comissão de Ética que, segundo o presidente, será encaminhada e retomada na próxima semana", continuou.

Para o Ministério Público, a deputada mandou matar Anderson do Carmo porque o pastor mantinha controle rigoroso sobre as finanças da família. As investigações apontaram que, além da deputada, outras dez pessoas teriam participado do crime, entre as quais sete filhos e uma neta do casal, além de um ex-policial militar e a mulher desse ex-policial.

Anderson do Carmo já tinha sido vítima de tentativas de envenenamento, buscando atendimento hospitalar por seis vezes em 2018. Ele foi morto com mais de 30 tiros em 16 de junho de 2019. No mesmo dia, Flordelis disse que o marido morreu ao reagir a um assalto. A polícia prendeu um dos filhos biológicos de deputada, Flávio dos Santos, no velório do padrasto, mas por violência doméstica.

No mesmo dia do velório, o filho adotivo Lucas dos Santos Souza, também foi preso por ter comprado a pistola usada no crime. Flordelis e dois de seus filhos também são acusados de tentar enganar os investigadores.

Em uma carta, Lucas confessou ter feito os disparos a mando de outros dois filhos do casal, Wagner Andrade Pimenta e Alexsander Felipe Matos Mendes. Mas, de acordo com os promotores, ele teria sido instruído por Flordelis e Flávio a redigir a confissão para inocentá-los e culpar os dois porque eles não teriam aceitado se calar ou mentir nos depoimentos.

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