A queixa formal teria sido feita após o presidente argentino, Alberto Fernández, avançar com a lei de ampliação da plataforma continental submarina até as águas em disputa com o Reino Unido pelo arquipélago das Malvinas, assim como o incremento de sanções à pesca ilegal no Atlântico Sul.
Segundo publicação do portal Infobae, a carta foi enviada pela chancelaria do Reino Unido à embaixada argentina em Londres.
A referida carta, contrária à política de Buenos Aires, já é a segunda queixa apresentada pelo premiê britânico, Boris Johnson, ao país sul-americano em menos de dez dias, informou fontes diplomáticas de ambos os países à mídia.
A primeira carta foi entregue há duas semanas, enquanto a segunda sete dias depois ao embaixador argentino Javier Figueroa.
O tema também foi discutido em recente reunião que Figueroa teve com o chanceler britânico Dominic Raab, no qual o argentino lhe concedeu suas credenciais. Na conversa, Raab também criticou a política argentina.
Por sua vez, por meio da segunda carta, o Reino Unido afirmou que "não tem nenhuma dúvida sobre sua soberania sobre as Ilhas Malvinas, Geórgia do Sul, Sandwich do Sul e as áreas marítimas circundantes".
Da mesma forma, o texto também reitera o "princípio de autodeterminação" dos povos.
"Não pode haver negociações sobre a soberania das Malvinas ao menos que os ilhéus a desejem", diz a carta.
Ainda sobre a área de exercício da soberania britânica, a epístola comunicou:
"O Reino Unido assinala que exerce o controle sobre a plataforma continental até 200 milhas náuticas [370 quilômetros] da costa de cada um de seus Territórios Marítimos, de acordo com a Declaração do Reino Unido sobre a Jurisdição Marítima ao redor das Ilhas Malvinas de 29 de outubro de 1986 [...] [pelo] Artigo IV do Tratado Antártico, o Reino Unido não reconhece a reivindicação da Argentina sobre o território na Antártica e, em consequências, não reconhece que a Argentina tem algum direito sobre o leito marinho e o subsolo das áreas submarinas dependentes da Antártica."
Explorando recursos
O tema da ampliação da plataforma continental submarina argentina é sensível para as Malvinas uma vez que traz em si questões relacionadas à exploração de recursos no leito submarino por parte da Argentina.
A Secretaria de Energia do país contempla o fornecimento de licitações de exploração de hidrocarbonetos na zona ampliada com o aval das Nações Unidas.
Desta forma, a ampliação traz consigo 1.782.500 km² da superfície do leito e do subsolo marinho para a Argentina, área equivalente a cerca de um terço da Argentina continental.