A sonda espacial Juno, da agência espacial norte-americana NASA, captou uma foto de um "duende" de energia elétrica em Júpiter, escreve na terça-feira (27) o portal Business Insider.
O fenômeno foi observado pela primeira vez em 1989, caracterizado por rajadas coloridas de energia elétrica, mas só tem sido visto no alto da atmosfera terrestre durante tempestades de trovoada. No caso, apareciam "duendes" em forma de geleia e discos brilhantes chamados "elfos".
Na Terra, os "duendes" aparecem como longas gavinhas vermelhas, algumas vezes descendo de uma auréola difusa, que acontecem quando um raio produz um "campo quase-eletrostático de alta altitude", disse na terça-feira (27) em uma coletiva de imprensa durante a reunião anual da Divisão de Ciências Planetárias da Associação Astronômica Americana, EUA, Rohini Giles, cientista da Juno e autora principal do estudo, publicado também na terça-feira (27) na revista Journal of Geophysical Research: Planets.
Há também casos em que descargas atmosféricas enviam pulsos eletromagnéticos para cima, que produzem discos brilhantes chamados "elfos".
'Folclore' extraterrestre
No entanto, até hoje esse fenômeno nunca era conhecido em outros planetas.
A sonda Juno tem orbitado Júpiter desde 2016 e capturado imagens de suas auroras em luz ultravioleta, antes de encontrar algo menos normal.
"No processo de juntar essas imagens, notamos que muito ocasionalmente vimos esses clarões surpreendentes, de curta duração e brilhantes", relatou Giles.
"Depois fomos pesquisar todos os dados que reunimos ao longo de quatro anos da missão e encontramos um total de 11 clarões, todos com propriedades muito semelhantes", acrescentou a pesquisadora.
Cada um desses raros clarões durou apenas alguns milissegundos, sublinhando a dificuldade de registrar esse fenômeno.
"Na Terra, os duendes e elfos parecem avermelhados devido à sua interação com o nitrogênio na atmosfera superior. Mas em Júpiter, a atmosfera superior consiste principalmente de hidrogênio, de modo que eles provavelmente apareceriam azul ou rosa", comenta a cientista.
Juno não pôde confirmar se os "duendes" e "elfos" foram desencadeados por descargas atmosféricas devido a um intervalo de dez segundos entre a troca de dados do instrumento de detecção de raios da sonda e o instrumento de imagem ultravioleta, que está do lado oposto da nave espacial.
O fato de essas luzes emitirem muito hidrogênio e acontecerem cerca de 300 quilômetros acima das nuvens de água de Júpiter torna essa possibilidade menos provável, fortalecendo a hipótese de serem eventos luminosos transitórios.
"Continuamos à procura de mais sinais indicadores de elfos e duendes cada vez que Juno faz uma passagem científica", aponta Giles.
"Agora que sabemos o que estamos procurando, será mais fácil encontrá-los em Júpiter e em outros planetas. Comparar os elfos e os duendes de Júpiter com aqueles aqui na Terra nos ajudará a entender melhor a atividade elétrica nas atmosferas planetárias", conclui a pesquisadora.