As sanções impostas pelos Estados Unidos à Venezuela "estão gerando repercussões importantes na economia venezuelana, trazendo como consequência uma perda importante de bem-estar na população", salienta um relatório do Escritório de Washington para Assuntos Latino-Americanos (WOLA, na sigla em inglês), publicado nesta quinta-feira (29).
O texto enfatiza as sanções impostas pela administração de Donald Trump em agosto de 2017, que proíbem as negociações sobre emissões de dívida e títulos por parte do governo venezuelano e da estatal Petróleos de Venezuela S.A. (PDVSA), assim como os da dívida pública externa, além das estabelecidas em janeiro de 2019, logo após Washington reconhecer Juan Guaidó como "presidente encarregado" do país sul-americano, sancionando diretamente a petroleira venezuelana.
O relatório destaca que as sanções financeiras de 2017 "impactaram de uma maneira negativa" a produção petroleira venezuelana, devido ao acesso a crédito por parte da PDVSA "se tornar mais difícil". Esta situação piorou com as medidas do ano passado, que afetaram diretamente a "comercialização".
Novo relatório de Luis Oliveros pesquisa como as sanções norte-americanas impactaram vários setores na Venezuela, prejudicando mais o povo que o governo e, desta maneira, fortalecendo Nicolás Maduro.
"Tanto a diminuição do Produto Interno Bruto (PIB) do setor petroleiro como na receita fiscal, ocorreram em parte como resultado das sanções financeiras e petroleiras", indica o texto.
Revogação das sanções
A administração norte-americana argumenta que as sanções buscam gerar pressão para a saída do mandatário, Nicolás Maduro, do poder, supostamente sem afetar a qualidade de vida da população. Porém, os dados demonstram o contrário.
Aqueles que defendem estas medidas – acrescenta o relatório do WOLA – defendem que "não têm incidência sobre a compra de alimentos, remédios e bens essenciais", assim como também não impactam "nas empresas privadas, nem nos venezuelanos".
Contudo, como descreve o texto, após três anos "os resultados exibidos são bastante medíocres". "Não se alcançou a mudança política, mas a crise econômica e social no país piorou", acrescenta.
O documento explica que ainda que essas sanções não coloquem restrições diretas a importações de alimentos e remédios, "faltam ingressos em divisas para adquiri-los" e elas estão diminuindo, produto da baixa na produção petroleira.
Combinado com isto, o relatório salienta que a banca internacional, principalmente a norte-americana, devido à imposição destas sanções, "agravou a aplicação de medidas a muitos de seus clientes venezuelanos, sem importar se eram empresas privadas de trajetória no país".
Um exemplo deste impacto, citado pelo relatório, é o de duas companhias que receberam solicitações da Cruz Vermelha e UNICEF para a compra de produtos sanitários para a COVID-19, "porém, os bancos destas organizações informaram que não podiam fazer pagamentos a empresas venezuelanas por causa das sanções".
Também faz alusão à escassez de combustível, produto destas mesmas medidas, que trazem "efeitos negativos para a população" e que se agravam com a pandemia.
O material conclui que "revogar as sanções ou estabelecer mecanismos para flexibilizá-las deve ser visto não somente como uma necessária mudança de uma estratégia que falhou em alcançar o objetivo proposto, mas também pensando na complexa situação que vivem os venezuelanos".