Um amplo estudo de DNA de 214 pessoas que viveram na Mongólia e regiões próximas da Rússia, China e Ásia Central entre a metade do IV milênio a.C. e o século XIV, mostra que a composição genética dos povos locais foi mudando consideravelmente com o tempo.
Segundo um artigo publicado na quinta-feira (5) na revista Cell, no Neolítico os habitantes locais estavam geneticamente relacionados com os modernos povos indígenas do oeste da região do lago Baikal e do Extremo Oriente Russo.
No início do terceiro milênio a.C., os primeiros pastores procedentes do sul da Sibéria e das estepes ocidentais migraram para a região. Com a sua chegada, foi introduzida a pecuária, dando início à Idade do Bronze. No entanto, estes povos praticamente não deixaram rastros no genoma dos habitantes posteriores.
"Isto é surpreendentemente diferente do que aconteceu na Europa, onde os pastores imigrantes das estepes na Idade do Bronze tiveram um impacto genético transformador e duradouro nos povos locais", afirmam os autores do estudo.
Durante a Idade do Bronze tardia (1900-900 a.C.), na região se formaram e coexistiram três acervos genéticos separados. Um deles, associado à cultura de Sintashta, tem vínculos com culturas contemporâneas da Europa.
Com a formação do Império dos Xiongnu, antepassados dos hunos, eles se misturaram uns com os outros e com novas populações.
"Os xiongnu eram caracterizados por níveis extremos de heterogeneidade genética e por uma maior diversidade, à medida que novas linhagens da China, Ásia Central e da estepe ocidental [relacionados com os sármatas] ingressaram rapidamente no acervo genético", ressaltaram os pesquisadores.
Com a chegada dos povos mongóis e tungúsios, foi observada "uma mudança genética importante". Até o final do Império Mongol (1368), a composição genética se alterou drasticamente, tendo o componente dos povos da Eurásia do Norte praticamente desaparecido.
"Entretanto, o perfil genético dos antigos mongóis ainda se reflete entre os mongóis contemporâneos, o que sugere uma relativa estabilidade desta composição genética ao longo dos últimos 700 anos", afirmam os cientistas.
"Nosso estudo da antiga Mongólia revela não apenas as primeiras contribuições genéticas dos povos da estepe ocidental, como também uma marcada transição genética em direção à ascendência da Eurásia Oriental durante o Império Mongol. A região tem uma história genética notavelmente dinâmica, e o antigo DNA começa a revelar a complexidade dos eventos demográficos que deram forma à estepe euroasiática", indica um comunicado do Instituto Max Planck.