Ainda que a percepção geral seja de que grandes erupções vulcânicas podem durar somente horas ou dias, uma equipe de pesquisadores conseguiu determinar que, há mais de dois milhões de anos, uma supererupção do vulcão Yellowstone se prolongou por décadas, segundo um estudo publicado na segunda-feira (9) na revista científica Caldera Chronicles do Observatório do Vulcão de Yellowstone.
Para compreender exatamente como foram expelidos o magma e as cinzas do vulcão, a equipe do vulcanologista Colin Wilson, da Universidade de Victoria, Nova Zelândia, analisou os depósitos vulcânicos de Huckleberry Ridge, que se formaram com o material incandescente da maior erupção ocorrida em Yellowstone nos últimos 2,1 milhões de anos.
A potente erupção lançou colunas de cinzas que se elevaram por dezenas de quilômetros em direção à atmosfera, com fluxos piroclásticos, gases e fragmentos de lava muito quentes e de rápido movimento, que se estendiam até 100 quilômetros além da fonte.
Os pesquisadores explicam que estes restos formaram com o tempo depósitos grossos de material vulcânico, conhecido como ignimbrito.
O Huckleberry Ridge Tuff é o depósito de cinzas da grande erupção exposição de Yellowstone há 2,1 milhões de anos. Quanto tempo levou para depositar todas estas cinzas? Mais do que pode se imaginar
"Tanto magma foi expulso que a superfície do solo, em volta das aberturas da erupção, colapsou para formar uma caldeira de 100 quilômetros por 50 quilômetros, que está entre a maiores da Terra", salientou Wilson, conforme cita a revista Newsweek.
Pequenos eventos sucessivos ao longo dos anos
Com base nos restos vulcânicos, os especialistas conseguiram reconstruir uma linha do tempo dos eventos que ocorreram no vulcão, e descobriram que, no entanto, chegou a passar tempo o suficiente para que caísse neve e os sistemas climáticos recolhessem as cinzas e voltassem a depositar.
Os cientistas também determinaram que o vulcão entrou em erupção, parou, esfriou e logo voltou a explodir novamente. O tempo entre os primeiros eventos foi provavelmente de vários meses, após o qual passaram anos ou inclusive décadas antes que o fenômeno se repetisse, explicam.
Se os humanos estivessem presentes durante aquela grande erupção, não teriam presenciado somente um evento massivo, mas vários menores durante muitos anos.
"Estas descobertas mudam o que pensamos sobre as explosões supermassivas de Yellowstone: em vez de grandes eventos individuais, podem estar compostos por múltiplos eventos menores, e isto teria implicações significativas para nossa compreensão dessas erupções e seu impacto na paisagem", concluiu Wilson.
Ao compreender melhor como ocorrem as supererupções no vulcão Yellowstone, os pesquisadores esperam usar esta informação para entender seu impacto e avançar na previsão de desastres.