Datado da época do rei Davi, cerca de três mil anos atrás, a estrutura, que pode ser parte da primeira construção fortificada nas Colinas de Golã, foi descoberta recentemente em "escavações de salvamento" antes da construção de um novo bairro. Incríveis figuras rupestres de dois indivíduos levantando seus braços – como se estivessem orando e pontando para uma lua – foram descobertas dentro do forte inigualável, que foi datado entre os séculos XI a.C. e IX a.C., reporta o jornal The Times of Israel.
Ao lado da pintura rupestre, foi descoberta uma mesa ou prateleira de pedra, que os arqueólogos acreditam ser um altar, sobre a qual foi encontrado outro objeto, aparentemente de ritual, com uma pequena figura segurando o que aparenta ser um tambor.
A magnífica descoberta está sendo temporariamente ligada ao povo gesurita, cuja capital estaria localizada nas proximidades do norte do mar da Galileia, segundo registros da Bíblia.
Breve história sobre o achado arqueológico
"No minuto em que os impérios egípcio e hitita são destruídos, há um grande vácuo. Não há nenhum historiador que escreva a história da época, e nós retornamos a uma espécie de 'pré-história', na qual temos apenas artefatos físicos para basear nossas suposições. Assim, entramos no reino da especulação. É impossível saber o que realmente aconteceu", contou o consultor científico da Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA, na sigla em inglês), Ron Be'eri, ao The Times of Israel, na quarta-feira (11).
Trata-se de uma era de "história nebulosa", à medida que pequenas cidades-Estados tentam preencher o vácuo criado pela fragmentação dos dois impérios mencionados.
A datação do forte entre os séculos XI a.C. e IX a.C. foi feita com base em evidências físicas, principalmente nos cacos de cerâmica abundantes, que apontam o início da Idade do Ferro, sendo relativamente comparáveis aos encontrados locais israelenses, como Megiddo, datados entre os séculos XI a.C. e X a.C., conta Be'eri ao jornal.
O pequeno forte foi construído no topo de uma colina e teria servido como observatório em uma zona estratégica de travessia acima de desfiladeiro do rio El-Al. De acordo com Be'eri, o próprio forte é uma prova da era de luta pelo controle, que começou após a queda do Império Hitita do norte, em cerca de 1180 a.C.
Entre os povos lutadores estavam os gesuritas, um grupo de arameus, cuja capital ficava na atual Betsaida, a norte do mar da Galileia.
Sobre quem realmente ocupava o forte – construído com grandes pedras de basalto, de paredes de quase 1,5 metro de largura – ainda é uma questão em aberto, disse o consultor científico.
Problemas com provas
Be'eri acredita que o forte de Haspin (também conhecido como Hispin) pertencia ao povo gesurita, ou a outro grupo arameu. Infelizmente, a evidência física desses povos durante essa era é escassa, não havendo nenhuma documentação textual externa, além de citações na Bíblia hebraica.
Sendo isso, na verdade, um problema, pois "o texto bíblico não é um documento histórico, mas, sim, teológico, e foi escrito por linhas de reis que tinham sua própria agenda", disse Be'eri. Desta maneira, os pesquisadores devem confiar nos objetos que encontram no local em exploração.
Geshur é mencionado na Bíblia por meio do casamento de motivação política da filha do rei Geshur Talmai, Maachah, com o rei Davi.
Até agora, poucos locais foram encontrados em Golã. Be'eri propõe cuidadosamente que o novo forte, que ele chama de Nov-Haspin em homenagem aos dois assentamentos adjacentes, é um pouco anterior ao local bem datado de Betsaida.
Apesar de a pesquisa se encontrar no início e de não existirem provas claras, Be'eri acredita se tratar de um "tesouro nacional" que deve ser conservado. De acordo com o comunicado de imprensa da IAA, o Ministério da Habitação e Construção e a IAA já estão planejando um sítio arqueológico a céu aberto que pode ser apreciado pelos visitantes.