Com a assinatura da Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP, na sigla em inglês), as relações comerciais na região da Ásia-Pacífico deverão se intensificar.
O acordo, que traz redução das tarifas alfandegárias por 20 anos, engloba uma região com cerca de 2,2 bilhões de pessoas e que corresponde a cerca de 30% do PIB mundial.
O acordo, que vinha sendo negociado desde 2008, foi assinado entre 15 países, incluindo os países da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, na sigla em inglês) e Coreia do Sul, Japão, China, Austrália e Nova Zelândia.
Em entrevista à Sputnik China, o professor Wang Qin, da Universidade de Xiamen, China, explicou como o acordo traz progresso no relacionamento comercial entre os tradicionais aliados dos EUA, como Coreia do Sul e Japão, e a China.
"Além disso, entre a China e Japão antes não havia qualquer tipo de acordo de livre comércio, mas agora a importação chinesa e a exportação para o Japão serão abrangidas pelo regime de preferência, e isso ajudará o desenvolvimento do comércio bilateral", declarou.
A aproximação comercial também deverá trazer benefícios à cadeia de produção fabril na região da Ásia-Pacífico, fortalecendo uma relação de interpendência entre os membros.
"China, Japão, Coreia do Sul e os países da ASEAN fazem parte da cadeia de produção regional de suprimentos do leste da Ásia. Assim, a RCEP cria excelentes condições para tais países, para que possam aumentar seu nível de penetração nas cadeias globais da criação de valor", acrescentou Qin.
Fortalecimento da China?
Se por um lado alguns podem ver a RCEP como um instrumento de fortalecimento da China na região, diz o professor Li Siji, do Centro de Pesquisas da Organização Mundial do Comércio da Universidade Internacional de Economia e Comércio chinesa, por outro a questão de sua criação não traz consigo um grande conflito de interesses internacionais.
"Existem diferentes tipos de acordos comerciais no mundo, e alguns deles são inspirados na região da Ásia-Pacífico e outros nos EUA. Pressuponho que tais acordos devem coexistir e complementar uns aos outros, aqui não há um grande conflito de interesses. Pois o objetivo final é promover novas regras do comércio internacional, torná-lo mais aberto e livre", declarou Siji.
Enquanto isso, o acordo também pode trazer consigo mudanças significativas rumo à liberalização no comércio.
"Todos os países possuem seus próprios interesses práticos, por isso é natural que eles participem de diversas associações comerciais regionais. Eu acho que a RCEP incorpora uma direção importante da liberalização do comércio no presente e no futuro. Embora os países da Ásia tenham começado antes sua integração econômica regional, os ritmos de liberalização são muito mais lentos do que na União Europeia e nas Américas. Desta forma, eu pressuponho que a RCEP de fato pode se tornar a força motriz mais importante que impulsiona a integração econômica regional internacional", afirmou.