Segundo publicado pelo G1, o relatório indica que um em cada três moradores da Terra Indígena Yanomami pode ter sido infectado.
O documento, intitulado "Xawara: rastros da COVID-19 na Terra Indígena Yanomami e a omissão do Estado", afirma que a situação é de "total descontrole".
"Há casos confirmados de contaminação em 23 das 37 regiões da Terra Indígena Yanomami e, como o isolamento social entre os moradores é impraticável nas aldeias, é possível que aproximadamente dez mil Yanomami e Ye’kwana já estejam expostos ao novo coronavírus, em um universo de cerca de 27 mil pessoas, ou seja, mais de um terço da população total, evidenciando uma situação de total descontrole", diz o documento.
A situação é agravada pela presença de garimpeiros na região. Segundo lideranças indígenas, os trabalhadores do garimpo são os principais vetores da doença.
"É o garimpo ilegal que está levando essa nova xawara [doença] para dentro da floresta", diz o documento.
A Terra Indígena Yanomami, que é a maior reserva indígena do Brasil, fica entre os estados de Roraima e Amazonas e em parte da fronteira com a Venezuela. Estima-se que a população local seja de 27 mil pessoas, que vivem nas cerca de 360 aldeias da região.
De acordo com os dados do estudo, apenas 1.270 testes foram feitos na região – ou seja, menos de 5% da população local foi testada.
O relatório será encaminhado a autoridades que lidam com a população indígena.
O documento reforça os resultados do boletim Covid Economics, do Centro de Pesquisa sobre Política Econômica, divulgado em agosto. O estudo apontou a associação entre o desmatamento e o garimpo ilegal com o aumento de casos de COVID-19 em populações indígenas brasileiras.
Em agosto, o Brasil foi contestado pela ONU após o governo federal vetar um projeto que previa assegurar recursos para garantir proteção às comunidades indígenas e quilombolas durante a pandemia.