Doze milhões de norte-americanos podem perder até o Natal benefícios concedidos durante a pandemia

São trabalhadores autônomos, mas também doentes ou quem está sob quarentena. Esperança deles é que Congresso resolva as diferenças políticas e vote a extensão dos auxílios.
Sputnik

Dois programas de assistência ao desemprego durante a pandemia da COVID-19 estão para terminar e podem deixar 12 milhões de norte-americanos desamparados logo após o Natal, informou a rede de TV a cabo CNN.

Cerca de 7,3 milhões de empreiteiros independentes e trabalhadores autônomos perderão os benefícios proporcionados por programas como a Assistência ao Desemprego Pandêmico e a Compensação Pandêmica Emergencial de Desemprego que proporcionam mais 13 semanas de pagamentos após o fim dos benefícios governamentais tradicionais, estes também previstos para expirar. A não ser que o Congresso tome medidas de extensão, cerca de 4,6 milhões de beneficiários não receberão estes pagamentos.

Os varejistas também estão preocupados com possíveis paralisações em meio ao agravamento da pandemia, o que poderia prejudicar a receita das compras de férias. E alguns deles pressionam os estados para não cancelar a ajuda à medida que o feriado do Dia de Ação de Graças, nesta quinta-feira (26), se aproxima.

Com o subsídio especial de desemprego pandêmico previsto para terminar nas próximas semanas, o cantor de ópera Brian Montgomery está fazendo planos para deixar o país.

Este cidadão natural de Nova York, que também trabalha como professor de voz e guia turístico, não conseguiu encontrar trabalho estável, mas recebeu pagamentos semanais graças ao pacote de estímulo federal de US$ 2 trilhões, cerca de R$ 10,7 trilhões. Mas agora, com o Congresso paralisado sem um novo acordo assistencial, o programa de Assistência ao Desemprego Pandêmico vai se esgotar logo após o Natal.

Se isso acontecer, Montgomery e sua esposa, uma assistente de saúde domiciliar em meio período, poderão ir para o Japão, local de origem dela, ou Hong Kong, onde ele viveu por 12 anos e acredita que possa conseguir trabalho.

"Eu esperava que nosso 'maravilhoso' Congresso já tivesse descoberto isso. Estaríamos pagando aluguel. Estaríamos colocando esse dinheiro de volta na economia. Não é como se fossemos apenas acumulá-lo. Precisamos gastá-lo", disse Montgomery de 63 anos.

Ele está entre os 7,3 milhões de empreiteiros independentes e trabalhadores autônomos que perderiam o subsídio de desemprego, de acordo com uma estimativa recente da Century Foundation, um grupo de pesquisas que desenvolve soluções e impulsiona mudanças políticas para melhorar a vida das pessoas.

O programa também está disponível para certas pessoas afetadas pelo coronavírus, como doentes, quem está sob quarentena, quem tem parentes nesta situação ou ainda aqueles que têm filhos em escolas fechadas.

A Compensação Pandêmica Emergencial de Desemprego também vai terminar. Essa medida proporciona aos desempregados 13 semanas adicionais de pagamento após o fim de seus benefícios estatais tradicionais que normalmente duram 26 semanas. Cerca de 4,6 milhões de beneficiários verão esses pagamentos extras terminar a menos que o Congresso aja.

"A indiferença demonstrada pelos legisladores é espantosa", disse America Caballero, que perdeu seu emprego como funcionária de recursos humanos em empresas de petróleo e gás no final de abril.

Caballero logo esgotará seus benefícios estatais e seus pagamentos emergenciais pandêmicos provavelmente terminarão antes que ela tenha as 13 semanas completas. Ela está preocupada com os benefícios estendidos que recebe pelo Estado, mas que também vão se esgotar no próximo ano antes que ela seja capaz de encontrar trabalho.

"Cada vez que o Congresso tenta fazer algo, ele falha porque não consegue superar suas diferenças", contou Caballero, de 45 anos, que mora com mãe e irmã em um subúrbio de Houston no Texas. "O povo norte-americano está sofrendo".

Enquanto isso, as listas de empregos têm sido escassas, comentou Caballero. E muitos dos que ela vê pagam de US$ 35 mil a US$ 45 mil por ano (de R$ 187 mil a R$ 240 mil) em vez dos mais típicos entre US$ 55 mil e US$ 60 mil (R$ 294 mil a R$ 347 mil) que ofereciam antes da pandemia.

"Nós queremos empregos. Não queremos uma esmola", disse Caballero, que tem um mestrado em Administração de Empresas. "Queremos que a economia se estabilize".
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