Quando a Terra era jovem, sua superfície provavelmente estava coberta por um oceano de magma, e os gases advindos daquele mar agitado podem ter fornecido uma atmosfera quase idêntica à presente em Vênus hoje, completamente tóxica de dióxido de carbono. A teoria é defendida por cientistas em um novo estudo publicado na quarta-feira (25) na revista científica Science Advances.
O oceano de magma inicial da Terra foi provavelmente criado por uma colisão com um corpo celeste do tamanho de Marte, que derreteu grande parte do nosso jovem planeta e criou a Lua. Quando o oceano de magma esfriou, alguns compostos teriam se condensado da mistura derretida e formado uma atmosfera.
Para descobrir como seria essa atmosfera, a equipe de pesquisadores usou uma técnica chamada levitação aerodinâmica para fazer flutuar uma pequena rocha sobre um jato de gás enquanto aquecia a pedra a cerca de 1.900 ºC para derretê-la.
"Este pequeno mármore derretido flutuando a quase dois mil graus [Celsius] é uma espécie de miniatura da Terra em seu estado fundido", explica Paolo Sossi, principal autor do estudo, citado pelo portal New Scientist. Ou seja, o gás que flui ao redor do mármore se comporta como se fosse uma pequena atmosfera.
A experiência foi repetida, mas desta vez alterando a composição do jato de gás, adicionando e removendo diferentes compostos para tentar encontrar a provável composição da atmosfera do nosso planeta há bilhões de anos.
Os cientistas descobriram que a atmosfera da Terra era densa, cheia de dióxido de carbono e com relativamente pouco nitrogênio, semelhante à atmosfera de Vênus atualmente. A atmosfera de Marte tem quase a mesma composição, embora seja muito mais fina.
O fato de a Terra ser maior que Marte e mais fria do que Vênus, teria permitido que a água líquida do nosso planeta permanecesse em sua superfície, extraindo dióxido de carbono da atmosfera e evitando que a Terra passasse pelo descontrolado efeito estufa que Vênus experimentou.