Pesquisadores do Centro Médico Beth Israel Deaconess em Boston, EUA, revelaram como as variações genéticas estão ligadas à gravidade da doença COVID-19. Para isso eles usaram sua própria base de dados de proteínas e metabólitos humanos que criaram durante dez anos, publicando os resultados do estudo na revista New England Journal of Medicine.
Embora doenças cardiovasculares e metabólicas sejam fatores de risco de maior gravidade da COVID-19, não se sabe por que algumas pessoas têm doença grave, enquanto outras têm COVID-19 assintomática.
Os autores do estudo analisaram os genomas de 4.856 pacientes da China, Europa e EUA, que sobreviveram ao coronavírus, e descobriram variações em duas regiões que determinam a gravidade da doença.
Depois identificaram quais proteínas codificam essas regiões do genoma e que papel desempenham no organismo no contexto da doença.
Uma das duas regiões do genoma é ligada ao antígeno CD209, a proteína que o vírus SARS-CoV-2 usa para danificar as células do organismo humano.
"Os cientistas encontram cada vez mais frequentemente 'pontos quentes' do genoma relacionados a doenças, mas frequentemente não é claro como eles impactam no mecanismo da doença", comentou Robert Gerszten, chefe do estudo, diretor do departamento de medicina cardiovascular do Centro Médico Beth Israel Deaconess e professor da Escola Médica da Harvard.
"Usamos nossa base de dados enorme, mais de 100 terabytes de dados, para determinar muito rápido que a proteína mais expressada nesta região é correceptora do vírus que causa COVID-19, sugerindo que isso poderia ser alvo de intervenções terapêuticas. Os chamados coquetéis de anticorpos disponíveis atualmente em geral têm como alvo proteínas peplômeros. Por sua vez, nosso estudo identifica a quais proteínas no corpo humano se conecta o SARS-CoV-2 e outros coronavírus", explicou Gerszten.
A segunda região de genoma identificada pelos pesquisadores é ligada à proteína mal estudada CVCL16, uma quimiocina inflamatória que, segundo cientistas, atrai células imunológicas, linfócitos, para as áreas infectadas.
Os resultados obtidos permitirão determinar o caminho para criação de novos métodos de intervenção terapêutica para os pacientes com COVID-19 na forma grave, esperam os pesquisadores.
No entanto, os resultados do estudo ainda não podem ser usados, dado que é preciso estudar todas as complicações possíveis, sublinham os cientistas.